Em meados de 2008, o tempo fechou para a então governadora do Pará, Ana Júlia Carepa. Motivo: 32 bebês haviam morrido na UTI neonatal Santa Casa de Misericórdia, num espaço de dias. Houve quem responsabilizasse a governadora quase como se ela houvesse asfixiado os bebês com as próprias mãos, mesmo com todas as explicações dadas na época.
Se você quiser saber que explicações eram essas, basta ler esta reportagem aqui. Ela não é de 2008 nem tem relação com Ana Júlia. Ela é de hoje e se refere ao falecimento de 25 bebês, na mesmíssima UTI, num período de apenas 13 dias. Em plena era tucana reloaded, no terceiro ano da gestão Jatene, que a esta altura não pode recorrer ao argumento conveniente da herança maldita, como todos fazem.
Deixo claro, contudo, que não sou leviano a ponto de responsabilizar o hospital por essas mortes. Pelo contrário, quando se deu o escândalo anterior, defendi o hospital e seus profissionais, que se dedicam aguerridamente por aquelas crianças, frequentemente lutando contra carências infraestruturais. Até externei minha gratidão pessoal pelo apoio que as dedicadas profissionais do banco de leite deram a minha esposa, acometida por uma forte mastite nos primeiros meses de nossa filha Júlia.
Considero plausível e nada cínica a explicação sobre o conjunto de fatores apresentados pelo hospital, embora causa perplexidade o número de mortes em tão breve intervalo. Isso precisa ser esclarecido com muito cuidado a toda a população, sendo do maior interesse não apenas da clientela da Santa Casa, mas de qualquer maternidade, já que eventuais explicações poderiam indicar cenários passíveis de repetição em outros locais.
Resta saber se, em tempos tucanos, a exploração midiática do caso e sua repercussão no imaginário geral serão equivalentes aos de cinco anos atrás. Precisamos agir com responsabilidade, todos e sempre.
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