sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Eu fiquei indignado

Estava eu ontem aguardando minha esposa junto ao caixa de uma grande loja da cidade, quando olhei para o lado e me deparei com a seção de roupas íntimas para crianças. Estava bem ao lado dos sutiãs infantis. Para mim, já é meio complicado entender a existência de sutiãs infantis. A única razão que me ocorre é a chegada da puberdade, quando começa o intumescimento na região e a menina precisa, de fato, proteger-se. Qualquer outra perspectiva me agride.

Mas o que vi foram sutiãs tão pequenos que me pareciam destinados a crianças de menos de 10 anos. Então me aproximei e percebi que a peça tinha enchimento! Minha indignação foi tão intensa e imediata que mostrei o produto a Polyana e desatei a protestar. Houve quem me olhasse com alguma curiosidade. Mas eu reclamei mesmo! Afinal, sutiã com enchimento, que eu saiba, só serve para uma coisa: aumentar o tamanho dos seios. No caso, para dar volume a quem ainda não o possui. Logo, é mais um item nessa insanidade de roubar a infância, introduzir precocemente a criança na vida adulta em um de seus aspectos mais delicados, que é o da sexualidade.

Ninguém me venha com aquele papo de que a criança não tem maldade na cabeça! O problema é a maldade que existe na cabeça dos outros. Sutiã com enchimento é um produto feito para pedófilos. Simples assim.

Coloquei a fotografia acima para ilustrar a postagem, mas a verdade é que senti vergonha de fazê-lo. Hesitei muito, mas acho que muita gente pode não entender o motivo da minha fúria sem ver o motivo dela. Constrangido, diminuí a imagem, que foi encontrada em um dos muitos sites que encontrei, numa busca rápida, repercutindo a polêmica instaurada quando do lançamento desse produto. Polêmica absolutamente compreensível.

Fazendo jus aos valores que me levaram a criar este blog, não farei concessões: quem criou esse produto é um doente e quem comprá-lo para suas filhas é um doente, também. E um doente com responsabilidade jurídica, inclusive criminal.

A respeito, veja: http://www.consumismoeinfancia.com/06/04/2011/sutia-infantil-com-enchimento/

7 comentários:

Ana Miranda disse...

Yúdice, você lembra da propagando do "meu primeiro sutiã"? A garota que fazia a propaganda já era bem mocinha.

concordo com suas queixas e revolto-me junto contigo.

Pais que compactuam com isso são completamente sem noção.

Como será que sentem-se os pais da garotinha da propaganda ao verem a foto de sua filha semi nua com todos olhando???

Dmitry Rocha disse...

Antes mesmo de ler seus comentários eu já havia ficado revoltado só de ver a imagem. Quem quer que uma criança use isso precisa rever seus conceitos como pai.

Anônimo disse...

Os pais da garotinha da foto devem estar orgulhosos que nem a Monique Evans,que disse em recente entrevista,haver chorado de emoção ao ver o ensaio fotográfico da filha que é capa da Playboy deste mes.São pais sem noção cono esses que estão criando uma sociedade de jovens desjustados

autor disse...

É de fato revoltante

Yúdice Andrade disse...

O famosíssimo filme publicitário da Valisére, de 1987, é até hoje aclamado como um dos melhores da história da publicidade brasileira. Assinado por Washington Olivetto e seus colaboradores, criou um bordão inesquecível ("o primeiro sutiã a gente nunca esquece"), tão poderoso que ninguém sabia o nome da jovem atriz (Patricia Luchesi), mas sabia que ela era a "menina do primeiro sutiã".
Seu mote era mostrar a emoção da menina que se descobre virando mulher e o faz por meio de imagens delicadas, sem nenhuma apelação ou malícia - inclusive pela cena final, quando a menina tem o impulso de proteger o busto ao ser provocada por um garoto, mas depois se recorda que está protegida pelo sutiã.
No entanto, Luchesi era mesmo uma adolescente naquela época. Ainda seriam necessários três anos para surgisse o Estatuto da Criança e do Adolescente, que vedou em definitivo a exposição do corpo de crianças e adolescentes. Tal filme jamais seria feito hoje, por mais honesta que fosse a proposta.
Vale lembrar o filme "A menina do lado", também de 1987, em que a atriz Flávia Monteiro, então com 14 anos, aparece em cenas de nudez e até de sexo com Reginaldo Faria. Nunca isto poderia acontecer hoje.

Dmitry, como pai somente não: como ser humano.

Ratifico integralmente a sua crítica, das 17h53.

Victor, deu-me vontade de ficar plantado dentro da loja esperando algum comprador do produto. Porque muita gente compra, com certeza, a julgar pela quantidade de peças em exposição.

autor disse...

Caro Yúdice,

só lembrei desta postagem na noite de ontem. Explico: fui a uma "formatura" (?) de uma turma da 4ª série do Ensino Fundamental, em que uma das "formandas" é sobrinha da minha namorada.

Bom, as crianças todas têm por volta de 10 anos de idade. O evento teve todas aquelas chateações de homenagens e blá blá blá.

Mas o ponto é o seguinte: após essa parte das cerimônias, começou o baile das crianças. Desligaram-se as luzes e transformaram o salão numa bnoate para os pequenos. Não mais que de repente o DJ põe um funk pra tocar. AS crianças, principalmente as meninas, passaram a rebolar ao som de uma "música" (?!) que tinha a seguinte letra: "cabecinha, cabecinha, cabecinha, cabecinha, tudo! senta, levanta, senta, levanta, pára na posição! pressão, pressão, pressão...".

O mais impressionante é que nenhum dos pais se indignou com isso e as próprias professoras aprovavam a situação.

Não sei o que passa pela cabeça dessas pessoas, mas se fosse na festa da minha filha, eu teria feito um escândalo.

Enfim, como disse outra vez: ou estamos numa completa crise de valores, ou eu sou muito quadrado.

Yúdice Andrade disse...

Victor, nunca vi algo assim em eventos como formaturas, mas já vi em eventos familiares (graças a Deus, não da minha família!). Se eu estivesse em tal formatura, imagino que alguém - embora não saiba quem - teria que escutar o meu protesto. É indigno demais!