quarta-feira, 29 de maio de 2013

Educação para o trânsito

Quando há o que elogiar, elogio.

Cena corriqueira na cidade: os bacanas param em fila
dupla e os agentes de trânsito dão o maior  apoio,
organizando a patifaria.
Fiquei surpreso ao ver que a atual gestão de Belém iniciou uma campanha de conscientização pela TV, conclamando a população a não parar em fila dupla.

O vídeo educativo põe o dedo na ferida e mostra um problema crônico da cidade: os "cidadãos" que se julgam melhores do que todos os outros e que por isso estacionam livremente em fila dupla nas portas de escolas. A mensagem é muito feliz: pede que os pais ensinem o bom exemplo aos filhos. Perfeito. É exatamente essa a questão: o feladiputa que para em fila dupla não está apenas f...errando com a vida dos outros; está, também, ensinando aos filhos que é correto, normal e desejável, prejudicar os outros, não se importar com nada ou ninguém, desde que seja para benefício pessoal. E assim as gerações miseráveis vão-se perpetuando.

O problema não fica nas portas das escolas. Os filhos crescem, ingressam no ensino superior, mas papai e mamãe continuam deixando bem na portinha da facul. Andar uns 10, 15 metros é coisa além da imaginação. Estacionar dentro da sala de aula seria o ideal. E os motivos estão na ponta da língua: o sol está muito forte; está chovendo; está quase chovendo; é rapidinho; ou aquele argumento famoso entre a classe média: sou obrigado a fazer isso porque os vagabundos estão roubando demais e o governo não nos garante segurança, apesar dos impostos que pago!

E os outros que também estão na rua sujeitos a todo tipo de problema — que esperem, desviem, etc. E isso mesmo que haja espaço para estacionar ou que se bloqueie o acesso a um estacionamento. Somando-se ao fato de que Belém é uma cidade em que ambulâncias com sirene acionada não têm prioridade de passagem, penso que vagabundo é um termo bem lembrado, mesmo.

Então parabéns à prefeitura de Belém pela iniciativa. Serão necessárias muitas vidas de homens para que o povo daqui chegue ao nível de cidadania de um protozoário, mas temos que começar em algum momento. Pior seria não começar nunca.

5 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito!!!

Fred

Anônimo disse...

Caro Yúdice, me desculpe mas não consigo concordar contigo nessa questão. Chega de "campanhas educativas".

O Código de Transito Brasileiro é de 1.998. Portanto, já tem mais de 15 anos. E estacionar em fila dupla sempre foi infração, desde os tempos das carroças do Império.(menos, é claro, para os barões, viscondes, família real,flanelinhas/lustradores de cavalos, etc).

Não se pode mais ficar nessa de campanhas educativas. Esses maus motoristas estão cansados de saber que é proibido estacionar em fila dupla. A única coisa que pode "educá-los" é uma boa multa. Mas boa mesmo, não esses ridículos R$ 127,00.

Algo em torno de R$ 1.000,00 já seria um bom começo. Não acho tal valor exagerado. É só ver as milhares de pessoas que são prejudicadas com os carros em fila dupla. Não são dezenas ou centenas. São milhares.

Apossando-me de uma frase de Millor Fernandes, essas pessoas chegaram ao limite da ignorância e , no entanto, prosseguiram.

Bom feriadão

Kenneth Fleming

Anônimo disse...

já comentou isto na sala de aula professor????.... acho que o capuz cabe em uma boa porcentagem dos seus alunos, levados/buscados por papaizes e mamãezes né??? o cesupa alcindo cacela é um inferno no que tange a trânsito, sempre....

parabéns pelo blog, é ótimo

Yúdice Andrade disse...

Valeu, Fred.

Kenneth, meu amigo, na verdade a nossa discordância é menor do que parece. Eu também acho que já passou da hora de multar, chegando "de com força", sem tergiversação. Para teres uma ideia, no dia em que apareceu uma viatura da ainda CTBel lá pela frente do CESUPA, dei-me ao trabalho de ir até eles pedir que voltassem todos os dias, informei os horários mais problemáticos e pedi: multem!
O cara me deu umas desculpas esfarrapadas e a guarnição nunca mais voltou, que eu saiba.
Mas embora o certo seja multar o infrator, isso não muda o fato de que as campanhas educativas são necessárias, até porque as gerações mudam; temos que falar também para os jovens motoristas e para os que ainda nem dirigem. Por isso enfatizei a mensagem que se passa em relação às crianças.
Em suma, as medidas são complementares. Ambas cumprem um papel específico. Mas preferir, eu prefiro a multa, mesmo.

Agradeço pela boa avaliação do blog, das 20h29. Sim, eu já comentei sobre isso inúmeras vezes em sala de aula. Esta semana mesmo, fiquei cerca de 5 minutos parado no meio da rua, esperando um feladiputa liberar o acesso à garagem. Luz e buzina não serviram de nada, até porque, claro, o errado era eu.
Eu digo a meus alunos o quanto esse comportamento é incivilizado e já desejei a morte de quem faz esse tipo de coisa. Pena que eles não morreram e continuam lá, infernizando.
Volte sempre.

Cléoson Barreto disse...

Olá!
Eu acho que a educação para o trânsito deve fazer parte do currículo escolar (me corrija se eu estiver errado, mas acho que ainda não faz). Nesse ambiente acho que cabe ensinar como se comportar no trânsito, desde as séries iniciais até os maiores. Essa seria uma campanha educativa eterna. Agora, os marmanjos que já dirigem tem que aprender "pela dor", ainda que a dor no bolso: multas pesadas, iniciando com os 1.000,00 citados no comentário acima, duplicando na reincidência, suspendendo a carteira em nova reincidência, e se ainda assim o "dizinfeliz" voltar a cometer o mesmo erro, cassa definitivamente a carteira.
Eu acho que tem a hora de conversar, mas depois que o cabra já tem a carteira, tem que partir pra ação, ou seja, lambada nele.
Um abraço!