quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cordel de canções

Tendo apostado em tantas inovações, a produção de Cordel encantado não fugiu à regra no CD e fez algo que não é comum para os padrões altamente comerciais da Globo: simplesmente ignorou esses artistas pé-no-saco que estão na moda, fazendo sucesso o mais das vezes sem merecer. Não há, na seleção musical, nenhuma duplinha breganeja dessas que hoje ocupam em nível quase totalizante as mentes dos jovens, principalmente das moçoilas universitárias. Não foi feita, também, nenhuma concessão a esses malas que a própria Globo promove acintosamente. Nada de Ivete Sangalo, Cláudia Leitte e Luan Santana, muito menos Fiuk.
O que vemos é a reunião de artistas que podem ser classificados em três categorias (por favor, não sou nenhum especialista):

1. Medalhões da MPB

Gilberto Gil: Divide com Roberta Sá o tema de abertura, “Minha princesa cordel”, composta numa única tarde a pedido da diretora da novela, que é filha do cantor e compositor Jorge Mautner, amigo e parceiro de Gil. Confesso que o arranjo me cansa um pouco, mas a letra é muito bonita e a presença de uma de minhas atuais cantoras favoritas me leva a aprovar o resultado.

Zé Ramalho: Faz uma releitura suave e sinfônica de um de seus maiores sucessos, “Chão de giz”, que premia o personagem Petrus, o homem da máscara de ferro. Uma preciosidade.

Caetano Veloso: Um dos maiores malas do país, porta-voz dos valores tucanos e há anos sem emplacar nenhum sucesso, tenta recuperar um pouco de seu antigo reconhecimento com “Circuladô de fulô”, uma incursão pelo gongorismo que ele mesmo já tentou em canções como “Qualquer coisa”, mas que não é de sua autoria (leia, na caixa de comentários, uma cuidadosa explicação sobre a origem do poema, feita pelo jornalista Elias Pinto, que me obrigou a modificar a redação original deste parágrafo). Apesar da voz bonita de Caetano, que cai bem num tema nordestino, a letra do autor renomado me aborreceu um tanto e, diante da explicação do Elias, não vejo outra alternativa senão ler o poema na íntegra e depois formar uma opinião a seu respeito. Quanto à canção, na voz de Caetano, até segunda ordem, classificarei como um saco.

Alceu Valença: Sua inconfundível voz sertaneja entoa “Na primeira manhã”, tema de Doralice. Árida e sofrida, pode parecer tediosa aos ouvidos agitados de hoje. Mas é uma belíssima poesia contemporânea.

Djavan: Nós gostamos de Djavan, mas temos que admitir que ele é desafinado. Mesmo assim, sua interpretação de “Melodia sentimental”, de ninguém menos que Heitor Villa-Lobos, ficou perfeita para o contexto da novela, com um lindíssimo piano ao fundo. Triste e apaixonada como a homenageada, a personagem Antônia. De ouvir repetidas vezes.

Maria Bethânia: Uma das maiores intérpretes brasileiras, de voz peculiaríssima, faz o trabalho ao qual já nos acostumamos com “Estrela miúda”, que embala o quadrado amoroso de Farid com seus três mulherzinhas. Profissional, enfático, simpático.

Luiz Gonzaga: A canção “Xamêgo” (escrito assim mesmo, fora do padrão) ficou famosa em 1984, como tema de abertura da minissérie Rabo de saia, na qual Ney Latorraca interpretava o caixeiro-viajante Quequé, que se dividia entre três esposas, vividas por Dina Sfat, Lucinha Lins e Tássia Camargo. Retorna, agora, na voz de seu autor, num forrozão danado de bom, com aquela alegria espontânea que Gonzagão externava quando cantava. Uma óbvia alusão ao trígamo de Brogodó.

2. Artistas com algum tempo de estrada, que já galgaram uma posição respeitável

Roberta Sá: Uma das mais belas vozes da nova geração, dada a sambas e experimentações, que eu infelizmente demorei a descobrir, mas que hoje não sai do meu carro. O CD, claro. Como já dito, faz dueto com Gil no tema de abertura. O curioso é que, no CD, ela canta uma segunda estrofe que não existe na letra original, como se percebe pelos sites que publicam letras e cifras, assim como pelo próprio encarte do CD. Confirma a doçura e a potência de sua voz.

Maria Gadú: O povo acostumado a falar mal se concentra em seu visual masculinizado e sua fama de pegadora, mas a cantora, compositora e violonista paulistana de 24 anos tem talento e uma linda voz. Aqui ela nos brinda com uma de suas composições próprias, “Bela flor”, tema dos protagonistas Açucena e Jesuíno.

Lenine: Além de suas múltiplas habilidades no mundo da música, o pernambucano de 53 anos também é escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Ataca de “Candeeiro encantado”, tema dos cangaceiros, com uma letra-protesto sobre os preconceitos contra o nordestino. O arranjo é espetacular.

Otto: O pernambucano de 42 anos e jeito amalucado traz uma ótima versão para “Carcará”, grande sucesso que já foi gravado por diversos artistas.

Chico Science & Nação Zumbi: O revolucionário Chico Science é aclamado pela crítica e criador do chamado mangue beat. Pena que viveu pouco para usufruir dos louros com que o consagram. Aparece no CD com uma de suas canções mais conhecidas “Maracatu atômico”, que tem uma letra interessantíssima. A voz esquisita e o arranjo experimental pode incomodar os ouvidos mais sensíveis e acomodados.

3. Ilustres desconhecidos, adjetivo que aplico sem nenhum preconceito, mas apenas porque quase não se encontra informações sobre eles nem mesmo na frenética Internet. Por incrível que pareça, nem a onipresente Wikipedia se dedica a eles ou, ao menos, está longe de ser uma página relevante. Os links que surgem deixam claro que são artistas fora do circuito, não comerciais, que se dedicam a espetáculos menores e mais autorais. Bom para quem gosta de arte. São eles:

Núria Mallena: Pernambucana de Ouricuri, segundo sua amiga Célia Ferrer ela é uma "sertaneja cabra da peste, que toca, compõe e canta desde os dez anos" (e nas horas vagas pinta). Está há cinco no Rio de Janeiro, tentando firmar-se nesse mercado tão complicado e prepara o seu disco de estreia. Ela entoa “Quando assim”, de longe a mais bela faixa do CD. Sua voz é uma carícia e seu talento se revela também como compositora: esta comovente composição é de sua autoria. Maria Cesárea pode até não realizar seu sonho de amor com o rei de Seráfia, mas ficará eternizada por esta melodia maravilhosa.
PS Simpática, mandei-lhe uma mensagem pelo Facebook e ela me respondeu! Já somos até amigos. De infância.
Acréscimo em 29.7.2011: Entrevista da cantora no site da novela.

Filipe Catto: Acostumado a escutar canto lírico, não me impressiono quando o timbre da voz de um homem nos confunde como sendo o de uma mulher. Mas admito o susto ao pegar o CD e ler o nome do artista enquanto escutava o tango “Saga” (tema de Úrsula). Prestando mais atenção, percebe-se que é mesmo uma voz masculina aguda, educada e vigorosa. O pouco que se encontra sobre ele menciona comparações inevitáveis com Ney Matogrosso. É fato: ou ele é daquele jeito mesmo ou tenta copiar o grande Ney descaradamente. A voz, os trejeitos e os ritmos de sua preferência levam a pensar assim. O gaúcho tem um CD que disponibilizou pela Internet e é um compositor visceral, como se percebe pela canção aqui mencionada. Também encontrei um vídeo pelo YouTube e me interessei em escutar mais do seu trabalho.

Karina Buhr: Mesmo através de sua página oficial, só consegui saber que nasceu em Salvador, tem um CD em sua carreira solo e adota um visual algo extravagante. Sua voz carregada de sotaque é aguda de um modo que me incomodou um tanto. A boba canção “Tum tum tum” não é de sua autoria e já foi gravada por Jackson do Pandeiro e Elba Ramalho. Mas parece ter sido composta por uma adolescente desejosa de ter um namorado. E tem um arranjo alegrinho duvidoso. Mas é grudenta: passei um dia inteiro sem conseguir espancá-la de minha cabeça. Na hora de dormir, virou um martírio. Ao primeiro acorde, meu dedo passa para a faixa seguinte.

Monique Kessous: Carioca de 27 anos, dona de uma voz bonita e educada, que facilmente leva a comparações com Marisa Monte. Resta saber se é de propósito. Sua “Coração” tem uma letra bonitinha. Vale a pena conhecer melhor. Já emplacou duas canções em trilhas de novelas globais antes.
Saiba mais: http://sombrasil.globo.com/platb/novosartistas/2010/09/24/monique-kessous/

Silvério Pessoa: Pernambucano de 49 anos, aparentemente só gravou um CD. Comparece com “Rei José”, com ritmo e letra tipicamente nordestinos. Uma pedida para quem aprecia folguedos populares.

Se você souber algo mais sobre esses artistas, apreciaria conhecê-los melhor. E se lhe interessou alguma coisa destas opiniões de leigo ouvinte de música, procure ler as letras das canções ou, mesmo escutá-las. Os vídeos do YouTube são uma boa opção.

9 comentários:

caio disse...

Opa, adoro Zé Ramalho! Os últimos CDs que ouvi foram justamente dois dele: um em que ele canta músicas de Raul Seixas e outro em que apresenta suas versões nordestinizadas para algumas de Bob Dylan.

Não digo que são coisas de outro mundo, mas são bem interessantes. A maior crítica que faço está justamente no fato de ele não ter incluído tantas outras músicas boas desses dois nessas homenagens.

Francisco Rocha Junior disse...

Querido Yúdice,

Algumas considerações e opiniões sobre o post:

1. "Circuladô de Fulô" tem uma letra superinteressante, um belo experimento de poesia que eu chamo de sonora - o autor usa as palavras não só por seu sentido, mas por sua sonoridade - com um "nordestismo" fortíssimo. É a música tema de um show (e um CD) belíssimo de Caetano ao qual tive a oportunidade de assistir, há anos. Não creio, ademais, que a expressão "tarantina" tenha algo a ver com Quentin Tarantino: a canção é de 1990 (ou 91) e o 1o filme de sucesso do cineasta, Cães de Aluguel, é de 1992;

2. "Na Primeira Manhã" foi gravada primeiramente por Maria Bethânia. Procura. Vais gostar;

3. Djavan não é desafinado, muito pelo contrário. Ele é mala, isso sim. E com um repertório que o tem tornado cada vez mais chato. Mas, já demonstrou, tem um viés jazzístico excepcional. Espero que ele volte a este rumo em sua carreira. Nossos ouvidos agradeceriam;

3. Acho Maria Gadú, a começar pela cretinice do acento indevido de seu nome, uma lástima. Vou procurar essa canção que indicas para saber se devo mudar de opinião;

4. Há uma foto de Lenine em lugar de destaque na Bodeguita del Medio, bar tradicional de Havana. O cara é "gostado" aqui e alhures - uma boa prova de seu talento;

5. "Maracatu Atômico" não é de Chico Science; é de Jorge Mautner e foi gravado pela primeira vez por Gilberto Gil, no auge da Tropicália, passagem dos anos 60 para os 70. É uma canção esquisita, mas a versão "mangue bit" é muito bacana. Sobre Chico, a curiosidade é que eu estive em Recife e Olinda no Carnaval do ano em que ele morreu - aliás, creio que alguns dias depois de sua morte. Em todas as casas, naqueles dias, só se tocava Nação Zumbi. O povo pernambucano era louco por ele;

6. Finalmente, sobre Roberta Sá, ratifico todos os elogios: uma voz linda, um repertório sensacional, uma sambista de primeiríssima linha. E, se não bastasse isso, um charme de mulher.

Abs.

Yúdice Andrade disse...

Zé Ramalho é louco por Bob Dylan, Caio. Imagino que se esmerou para homenagear o ídolo.

Francisco, gratíssimo pelo seu sempre bem informado comentário. Esclareço, por oportuno:
1. Posso ter me equivocado grandemente sobre a expressão "tarantina", mas antes procurei algo a respeito na Internet e não achei nada que não conduzisse ao cineasta. Por isso concluí que era isso mesmo. Se não for, o meu mico já está eternizado.
2. Adoro Bethânia cantando então decerto vou amar a versão dela.
3. Segundo um amigo cantor lírico, tecnicamente Djavan é desafinado. Assim como Nana Caymmi e Gal Costa. E também acho que ele ficou muito chato. Há anos não escuto nada dele, além de "Alegre menina".
4. Não conheço o trabalho de Maria Gadú, exceto essa canção simpática. A letra me agradou.
5. Realmente pensei que "Maracatu atômico" fosse do Chico Science. Seja como for, é um dos maiores sucessos do rapaz, mesmo não sendo uma composição própria.
6. Viva Roberta Sá!!!

caio disse...

Logicamente. A primeira faixa, totalmente autoral, chama-se justamente "Para Dylan".

Como apreciador de Guns N' Roses, talvez conheças a cover deles para "Knockin' on Heaven's Door". A faixa que me foi mais gostosa do disco à Dylan é justamente a versão dessa pelo Zé... dê uma procurada por "Batendo na Porta do Céu" no youtube quando puder!

Anônimo disse...

Faltou Chico Buarque nesse CD; Pra mim isso deixou ele incompleto, se bem que sou suspeito pra falar sobre isso! ahahaha =)

Abraço Yúdice!

Felipe Guimarães!

Elias Ribeiro Pinto disse...

Meu caro Yúdice:
Vez por outra tento cumprir uma ronda pelos blogs que admiro, entre os quais incluo o seu. Tentarei ser breve, pois estou sempre em luta contra o tempo. Acabo de enviar minha página de domingo para o Diário e estou aguardando (pela internet) a prova, e nesse intervalo, quase-madrugada, vou aproveitar para esclarecer a respeito da canção "Circulado de fulô".
A letra não é de Caetano, mas certamente é de "um poeta renomado", como você diz. O texto é do poeta Haroldo de Campos (1929-2003). Haroldo criou, ao lado do irmão Augusto de Campos e de Décio Pignatari, a Poesia Concreta. Foi amigo íntimo do nosso Benedito Nunes, e o Bené um grande admirador da obra de Haroldo, e sobre ela escreveu diversas vezes. Eu próprio tive a oportunidade de, em conversas com Bené, tratar da poesia de HC.
Esse trecho musicado por Caetano faz parte do livro "Galáxias", uma obra única na literatura brasileira, que mereceu os maiores elogios do Bené. Ah, os concretistas, em particular o Haroldo, foram interlocutores de Mário Faustino, já na página Poesia-Experiência, que MF assinava no Jornal do Brasil, na segunda metade da década de 50. A página integrava o famoso e histórico Suplemento Dominical do Jornal do Brasil. A propósito, eu tenho quase todas as edições, originais, dessa época, do JB.
Tenho, igualmente, toda a obra dos concretos: a poética, a crítica, ensaística e tradutória - nos traduziram Pound, Mallarmé, Dante, Rilke, Joyce, Carroll, ah, e muito, muito mais. Eles e Mário Faustino foram intensos tradutores.
Este livro, "Galáxias", foi reeditado este ano, e sobre ele tornei a escrever numa recente página dominical no Diário. Dela extraio o trecho que segue, a fim de iluminar alguns pontos do que você observou. Realmente, o tarantina não tem absolutamente nada a ver com Tarantino - este ainda era um garoto quando esse trecho veio à luz.
Gostaria de comentar outros aspectos, inclusive a respeito do Caetano, que também acompanho há muito, de quem discordo bastante, mas reconheço méritos, como, aliás, em relação a FHC (já que você cita os tucanos). Critiquei bastante Fernando Henrique presidente, e também o sociólogo (li os seus livros). Mas, nos últimos tempos, pós-presidenciais, só tenho a admirá-lo, como escrevi, de Paraty, no ano passado, depois de assistir à sua palestra de abertura da Festa Literária Internacional de Paraty, tendo por tema Gilberto Freyre. Bem, segue o trecho do artigo a que, acima, me referi.
Grande abraço,
Elias
P.S. Desculpe qualquer erro, nem vou revisar, pela pressa. E não consegui, na transcrição que segue, preservar os itálicos.

Elias Ribeiro Pinto disse...

TIVE DE DIVIDIR O TEXTO EM DOIS BLOCOS.
AGORA SEGUE A TRANSCRIÇÃO

* *
O meu primeiro contato com esta radiante obra-prima Galáxias se deu em Xadrez de Estrelas. De 1976, este livro trouxe a primeira recolha de uma sequência ampla desses textos galáticos, que só em 1984, pela Ex-Libris, o autor encontrou condições funcionalmente adequadas para publicá-lo numa primeira edição integral.
Em 2004, a Editora 34 publicou uma nova edição, revista por Haroldo de Campos pouco antes de sua morte, em 2003. A principal novidade foi a inclusão do CD Isto não é um livro de viagem, produzido por Arnaldo Antunes, em que Haroldo lê 16 fragmentos do texto, com acompanhamento musical, em duas faixas, da cítara de Alberto Marsicano – afinal, como disse o próprio poeta, trata-se de um livro para ser lido em voz alta.
Redigidos entre 1963 e 1976, os 50 fragmentos de Galáxias, situando-se na fronteira entre prosa e poesia, compõem uma viagem pelo universo das línguas e da literatura, um caleidoscópio épico em que se misturam livremente vários idiomas e diversas referências a Shakespeare, Homero, Camões, Goethe, Joyce, Pound e todo o paideuma, o imenso referencial de leituras e experiência-poesia haroldiano. São miniestórias que se articulam e se dissipam, com vocação para o epifânico. O resultado são estes 50 cantos galáticos, num total de mais de 2.000 versículos (40 por página), que tem como vértebra semântica um tema recorrente: a viagem como livro e o livro como viagem.
O trecho mais conhecido certamente é aquele musicado por Caetano Veloso, e que deu título ao disco então lançado pelo cantor, Circuladô de Fulô. Haroldo leu para Caetano esse fragmento – em que o músico se inspirou para fazer a canção – em 1969, no exílio londrino em que estavam, além de Veloso, sua mulher Dedé e o casal Gilberto Gil e Sandra. “Ouvi o refrão em João Pessoa, Paraíba, cantado por um esmoler de feira”, recorda Haroldo.
Para quem ama poesia, Galáxias é de uma beleza de pulsante radiância, dardejada de centelhas poéticas, constelações verbais, uma viagem ao finismundo da língua e da literatura. É um deslumbrante poema-vida (projeto “que tanto seduziu Mário Faustino”, aportou o navegado Benedito Nunes), epifanias & alucinações colhidas no dia a dia, balança barroca pendulando entre ego e ego scriptor, perpetuum mobile, dixit Guimarães Rosa: “Todos os iauaretês urram”. No canto inicial e final, é arrepiante ouvir o poeta ler seu fecho reverberante, faustinfausto acompanhado da cítara de Marsicano: suas palavras ganham uma força talismânica, mantras aliciantes. “Ora, direis, ouvir galáxias”, informa o título do texto, com notas explicativas, elaborado por Haroldo de Campos para o CD incluído no livro, que ganha mais uma edição, revista e atualizada, pela 34. Um alumbramento no céu da poesia.

célia ferrer disse...

Caro Yúdice,
Núria Mallena é pernambucana de Ouricuri, sertaneja cabra da peste,toca, canta e compõe desde os dez anos. Foi para o Rio à cinco anos pra tentar um "lugar ao sol". Sabíamos, amigos e familiares, que seria uma questão de tempo, que qdo alguém mto importante no meio artístico botasse os olhos nela, ou melhor, os ouvidos, ela emplacaria, pq ela realmente tem um talento incrível para compor e uma voz lindíssima. ela tbm dedica algum tempo à pintura, atividade que exerce com grande maestria, sem nunca ter feito nenhum curso. Está preparando seu primeiro CD que vai ser lançado breve, breve!

Yúdice Andrade disse...

Felipe, não creio que tenha sido por desconsideração ou esquecimento do Chico Buarque. É uma questão de considerar que alguma canção dele estava adequada ao universo da novela. Enfim, tudo é uma questão de escolha. Sabe lá se o responsável pela seleção gosta do Chico?!

Elias, fiquei encantado com a aula que você me deu. Até mudei o texto da postagem. Agradeço-lhe, porque assim você me evita passar um vexame maior com a desinformação. Nada como merecer a atenção de gente instruída!

Cara Célia, grato pelas informações. Eu as utilizarei para melhorar o texto da postagem. Fico na expectativa do lançamento do CD, junto com vocês.