quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cordel sonoro

Acompanhando Cordel encantado há vários capítulos, chamou-me a atenção o fato de não escutar nenhum tema musical, além do de abertura. Isso não é nada comum, já que a Globo sempre manteve o padrão de duas trilhas sonoras, sendo uma nacional e outra de canções estrangeiras (o que não faz nenhum sentido senão a glorificação das coisas de fora). A depender do tipo de novela, como as rurais, as trilhas internacionais podiam não existir e, com o tempo, surgiram as trilhas temáticas (músicas relacionadas a um personagem ou de um estilo particularmente destacado na trama). E sempre as compilações de vários artistas, em vez de se chamar alguém para compor uma trilha específica, como faz o cinema.
A certa altura, nas cenas do Rei Augusto (Carmo Della Vecchia) com Maria Cesárea (Lucy Ramos), começamos a escutar uma voz maviosa entoando uma canção desconhecida. E só. Acessei o Teledramaturgia e observei que, mesmo lá, fonte principal de informações sobre a TV brasileira, nada havia no link “trilha sonora” senão a alusão ao tema de abertura. Isso me incomodou. Como uma obra tão especial não teria a sua identidade musical?
E eis que, de repente, com quase 40 capítulos exibidos, começaram a surgir canções. Em profusão, porque todo dia, literalmente, havia uma novidade. Voltei ao Teledramaturgia, que tem atualização eficiente, e encontrei a listagem de canções componentes da coletânea. Não era uma compilação comum: em vez do lugar comum dos cantores da moda, os produtores misturaram nomes consagrados da MPB com artistas desconhecidos do grande público. Com a ajuda do Google, procurei saber mais sobre esses cantores e li as letras das canções, algumas tão bonitas que me fizeram desejar o CD. Aí veio a segunda estranheza: não foi nada fácil consegui-lo.
De todos os portais de comércio eletrônico, o único que anunciava o disco era o da Saraiva. Em poucos dias, o produto se tornou indisponível. Quando retornou, tinha prazo de entrega de 4 dias para a Grande São Paulo, a depender da disponibilidade do fornecedor. Ou seja: não era um artigo tão acessível assim. O mais estranho de tudo, que soa a deboche, é que no site Globomarcas.com o produto não estava à venda. Pode?
Por curiosidade, já que não sou adepto dos downloads, procurei a trilha na Internet. Susto: indisponível. Os links que surgiam não conduziam a nada ou, pior, apontavam uma lista de canções totalmente diferentes do anunciado. Ainda mais ressabiado, tentei o eMule mas, através dele, eu só poderia baixar a canção “Quando assim”, justamente o tema do rei e da cozinheira. Eu realmente queria uma explicação para essa dificuldade toda.
Estive na Saraiva aqui de Belém e me informaram que o produto já constava do acervo, mas ainda não estava disponível na loja, por um atraso do fornecedor. Foi uma via crucis conseguir o CD. Até comemorei quando comprei o meu. Tendo-o em mãos, só resta comentar um pouco sobre o que escutei.

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