segunda-feira, 20 de maio de 2013

Juiz de paz convicto

É paraense de Redenção (se não de nascimento, ao menos de atividade) o juiz de paz que teria renunciado à função para não ser obrigado a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo, porque isso "fere princípios celestiais". O caso ainda está no disse-me-disse, porque o cartório do Único Ofício daquela comarca não confirma a história narrada à imprensa pelo próprio protagonista.

Os ativistas vão espumar pela boca mas, se quiserem saber, José Gregório Bento (75, ao lado em foto de João Lúcio) está corretíssimo. Não aprendemos com nossos avoengos a máxima "os incomodados que se retirem"? Pois é: ele se retirou.

"Não há lei dos homens que me obrigue a fazer aquilo que contrarie os meus princípios."

A escusa de consciência é reconhecida pelo direito, desde a Constituição de 1988. É permitido aos rapazes se recusarem ao serviço militar obrigatório, por motivos de convicção política ou religiosa. Por razões semelhantes, médicos podem recusar atendimento a pacientes, se não houver risco de morte ou de danos relevantes. Leis amparam os profitentes de religiões que impedem a existência social em certos dias e horários da semana. Se assim é, não se pode criticar uma pessoa por pleitear o exercício de uma convicção.

José Gregório é pastor evangélico e por isso considera a homossexualidade antinatural e atentatória a Deus. Abstraindo o desacerto de suas crenças, errado estaria, a meu ver, se permanecesse na função e ali discriminasse os casais homossexuais que procurassem seus serviços. Em vez disso, fez o certo: se não concorda com um ato que reconhece como obrigatório, retira-se e permite que o direito seja exercitado através de outra pessoa.

Podemos repudiar sua decisão no mérito, mas temos que reconhecer que ela é coerente. E, convenhamos, todo mundo pode ter uma ideologia para viver.

4 comentários:

Edyr Augusto Proença disse...

Yúdice, tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas tinha que ser logo do Pará?

Ana Manuela disse...

Me intrigou a citação sobre a "constituição celestial". Queria saber qual o conteúdo dessa Carta.

Yúdice Andrade disse...

É que nós somos brasileiros de fé, Edyr!

Eu quero saber quando ela foi convocada, quando ocorreram os trabalhos da Assembleia Constituinte, quem eram os membros, qual a metodologia de trabalho, quando ela entrou em vigor, etc...

Anônimo disse...

Yudice, eu acho que hoje no Brasil vivemos uma éspecie de ditadura do politicamente correto.As patrulhas que agem na mídia e até no direito, parecem querer forçar a barra para que todos aceitem o homossexualismo, por exemplo.Ninguém é obrigado a aceitar a prática. Mas todos devem respeitar é claro quem é.Os direitos são iguais. Mas Alguém ter uma opinião firme, como esse pastor,corre o risco de ser taxado de homofóbico. Pra mim, ele não é homofóbico.Ele é um cristão que crÊ na Bília. Quem conhece a Bíblia sabe que o homossexualismo é condenado, tanto no antigo , quanto no novo testamento.Está escrito.Não é invenção desse pastor e nem minha. Eu sou totalmente contra comportamentos homofóbicos, mas na minha convicção, ninguém me obriga a fazer apologia do homossexualismo. Marcio Farias