sábado, 11 de maio de 2013

Cara dura

Eu devo ser muito ingênuo, mas não entra na minha cabeça como pode ser possível um estabelecimento comercial abrir suas portas dentro de um shopping center sem estar em situação fiscal regular, expondo-se ao vexame de ser fechado na marra, durante fiscalização da Fazenda estadual, em plena sexta-feira imediatamente anterior ao dia das mães (segundo evento mais rentável para o comércio, que perde apenas para o natal).

Deve ser muita fé na incompetência no poder público. No mínimo. Mas esses estranhos empresário que tem uma coisa que todo mundo adora: grana. Então a máquina arrecadadora do Estado não deixaria algo assim passar em branco. E não deixou.

Papelão!

PS - Dia desses, estive em um desses estabelecimentos, jurando que estava tudo bem com ele.

2 comentários:

Anônimo disse...

Yúdice, há uma razão para que isso aconteça.
Fui comerciante em shopping e certa vez contratei aluguel e construção de uma loja. Era um bom dinheiro investido. Nem todo mundo no shopping é rico, tem muita gente que trabalha duro para sobreviver. A loja ficou pronta, mas a liberação da nota fiscal pela SEFA não saía, demorava já meses, era uma burocracia infernal, senti que estavam criando dificuldades para me vender facilidades, mas não caí nessa para não "viciar". Aí tive de usar nota fiscal de outra loja (é irregular isso) e começar logo a funcionar porque loja fechada pode ser prejuízo ainda maior que uma autuação fiscal. No meu caso, ocorreu também na época de dia das mães. Não dava mais para ficar fechado (não abrir) com aluguel, folha para pagar, empréstimos correndo juros, mercadorias com faturas vencendo etc. Resultado: funcionei e fui autuado(mas não fechado/interditado - autenticaram os blocos para apresentação posterior). A SEFA me liberou dias depois os talões de nota fiscal, mas deixou para cobrar a multa quase dez anos depois. Aí já sabes no que deu: prescrição. Portanto, pode valer a pena correr o risco quando o prejuízo de ficar fechado por causa da própria incompetência do poder público for ainda maior. No meu caso, fui forçado a operar irregularmente. Podem ser estem que relatas.

Fred

Yúdice Andrade disse...

É aquela velha história, Fred: o país empurra o cidadão para a ilegalidade. É ridículo e quase não dá para acreditar. Afinal, o próprio Estado ineficiente tem interesse no funcionamento do comércio, para que possa tributá-lo. Mas em vez de favorecer o funcionamento, faz o contrário.
Tu disseste bem: há "interesses" por trás dessas dificuldades. Mas isso demonstra como o serviço público acaba dominado por seus prepostos; desaparece a coisa pública em nome de interesses pessoais. Falta de controle, de fiscalização, de moralidade.
Vale destacar, por oportuno, que ao menos um desses estabelecimentos autuados na operação a que me referi já opera na cidade faz tempo e não é nenhum pequeno estabelecimento. Creio que poderia ter agido com mais diligência.
Mas admito que eu posso estar sendo totalmente ingênuo.