O que a SESAN não diz nem tem interesse em dizer é que todos nós estamos cansados de saber que Belém, por estar situada às margens da Baía do Guajará e do Rio Guamá, sofre a influência da maré e que aqui, pelo clima da região, chove muito o ano inteiro. Aliás, o problema das águas de março se repete todos os anos e, por isso, é largamente conhecido. Não é porque estamos em novembro que a maré deixou de ser um fator a ser considerado.
O que a prefeitura realmente precisa esclarecer é o que pretende fazer para sanar esse problema absolutamente conhecido, previsível e esperado. Porque seriedade na gestão no espaço urbano ajudaria a mitigar sensivelmente o sofrimento da população. Alegar surpresa é que não dá. Senão vamos acabar com os cariocas, que todos os anos assistem aos deslizamentos de morros, com mortos e mais mortos, e nada é feito, como se ninguém soubesse que vai chover.
Para a nossa sorte, nossa região é plana, o que nos livra dos tais deslizamentos. Mas também se morre por afogamento, tragado por bueiros abertos, contaminado por doenças decorrentes de água contaminada ou por eletrocução, devido a fios elétricos encobertos pelas águas. E outros motivos. Todos evitáveis. Evitáveis, claro, se o poder público estivesse empenhado em resolver problemas reais, em vez de gastar tempo inventando desculpas.
Seja como for, melhor que botemos as barbas de molho (se possível, em água limpa). Afinal, o primeiro grande recado que o prefeito Zenaldo Coutinho deu à cidade, quando assumiu o cargo no último dia 1º de janeiro, foi por causa de reclamações populares sobre alagamentos durante o período chuvoso. E o que ele disse? "Não sou mágico", expressão que passei a considerar como seu epíteto. Como suspeito que ele não fez curso de mágica nesses últimos meses, o recado está dado. Não adiantará reclamar.
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