quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sinal dos tempos

Há quem defenda a necessidade de preservar as crianças da brutalidade do mundo, resguardando-lhes a inocência ao menos na primeira década da vida ("década" é por minha conta e risco). Outros, em sentido oposto, entendem que as crianças devem ser advertidas sobre as misérias humanas, condição essencial para que aprendam a se defender. No final das contas, a arte de viver reside em encontrar um ponto de equilíbrio entre as duas necessidades.

A produção televisiva para crianças é a bola da vez. Aí ao lado, você vê a imagem dos personagens de Vila Sésamo, um programa a que meu irmão assistia diariamente em sua infância, mas que acabou antes de eu chegar na fase TV. Com  surpresa, soube que o programa ja é exibido há mais de quarenta anos.

A novidade é que a Vila Sésamo a ser exibida na Nigéria ganhará novos personagens, um deles uma menina com AIDS; outro, um sujeito que vive aprontando e sofrendo as consequências de suas más escolhas.

A iniciativa responde às duras condições sociais daquele país africano, assolado pela pobreza, condições primitivas de higiene e por uma dramática epidemia de AIDS. Os produtores pretendem cumprir uma função claramente educativa, pelo que merecem elogios. O que devemos lastimar é a realidade do mundo.

4 comentários:

Luiza Montenegro Duarte disse...

Não sei se o ideal é mostrar as mazelas do mundo, como elas são, mas incluir personagens de grupos discriminados ajuda na diminuição do preconceito. As crianças vão se familiarizando com as diferenças.

toniachalu disse...

Concordo plenamente com a Lu.
Nada como crescer num ambiente de tolerância e de naturalidade. Afinal, as diferenças estão em qualquer ambiente, inclusive naqueles frequentados pelas crianças, como a escola, o playground, as festinhas.
Diante do novo, a tendência é a rejeição. Se a criança já entende que o diferente não significa ruim, evita-se uma vida de limitações.
Meus filhos, sabe Deus quando vêm, verão desenhos com essa proposta.

Beijos, Lu e Yúdice.

Jean Pablo disse...

Eu ainda não tenho opinião formada sobre a ditocotima fantasia x realidade na educação infantil.

O ideal mesmo é balancear as duas coisas, A criança tem que possuir a inocência, pois, caso contrário virará somente um adulto de 5 anos e, ao mesmo tempo, ter noção de onde vive.

Aliás, e vejo na Júlia esse equilíbrio. É uma guria extremamente esperta e que, no entanto possui a inocência da infância. Por isso, dou-lhes parabéns.

Abraços

Yúdice Andrade disse...

Não quis dizer, simplesmente, "mostrar as mazelas do mundo", Lu e Tônia. Mas os produtores do programa mencionaram que havia a intenção de ensinar o público e lidar com necessidades pragmáticas, tais como combater mosquitos. Com isso, ensinar respeito à diversidade passa a ser um aspecto a considerar e, com certeza, também foi pensado pelos produtores.

Jean, o termo correto seria um falso adulto de cinco anos, com amplos prejuízos a sua formação e felicidade.