Ontem foi inaugurada a segunda etapa do "Ação Metrópole", com a abertura ao público da Avenida Dalcídio Jurandir (a Câmara Municipal já aprovou este nome?), prolongamento da Avenida Independência, e do elevado unindo a nova via à Júlio César, que em mais uma tola concessão do governo do Estado à bancada evangélica, foi batizado de Gunnar Vingren, um dos fundadores da Igreja Assembleia de Deus no Pará, o que nem por isso o torna merecedor da homenagem, não fosse a politicagem.
Às dezoito horas de ontem, o trânsito estava lento nos dois sentidos da Júlio César, no entorno imediato do elevado. O responsável pela obra declarou que ela foi aberta sem estar completamente acabada para favorecer o escoamento do tráfego (na verdade, para surtir efeitos eleitorais). Que não está pronta, fica claro no primeiro olhar. Falta sinalização vertical e horizontal, assim como os dispositivos luminescentes cuja ausência se sente sobretudo na sinalização da ciclofaixa, estreita e insegura.
Ao todo são cinco quilômetros, em duas pistas de sentidos opostos, cada uma com três faixas de rolagem e a modesta ciclofaixa. Haverá radares para controle de velocidade, mas eles ainda não estão lá, o que torna a via ainda mais perigosa para os desavisados: pista nova, larga, bem asfaltada, sem nenhum impedimento e quase sem retornos.
Na confluência com a Rodovia dos Trabalhadores (às proximidades de dois condomínios de luxo e onde será erguido o Shopping Bosque Belém, com previsão de inauguração em 2012), uma surpresa para mim: estão sendo construídas duas passagens de nível, coisa incomum por estas bandas.
O apelo eleitoral aparece também nos duvidosos enfeites instalados nos postes: plaquinhas com uma bandeira do Pará estilizada. É preciso, urgentemente, padronizar por lei a aparência dos equipamentos públicos, a fim de evitar que cada picareta da vez coloque nas obras públicas penduricalhos que remetam ao seu governo, como os postes em cor laranja, com a logomarca da pseudogestão daquele um no Município de Belém. Palhaçada pura.
O elevado é um capítulo à parte. Ao me aproximar dele no sentido de quem vai para o aeroporto, a impressão é de uma desagradável poluição visual. Ele é mais baixo do que o da Dr. Freitas e, como a Júlio César é mais estreita que a Almirante Barroso, a impressão que se tem é que a feiosa estrutura de concreto domina toda a paisagem. Passando por cima dele, observei que os guardacorpos são baixos, o que dá uma grande sensação de insegurança. Aparentemente, veículos altos poderiam despencar de lá, rolando por cima das muretas. Corrijam-me se eu estiver errado.
Por fim, observei uma faixa pendurada por moradores do Conjunto Marex. Dizia que eles não são contrários ao progresso, mas o querem com respeito aos seus direitos. É justo. O motivo do protesto pode ser lido aqui e aqui.
Agora vamos ver o quanto a nova obra beneficiará a cidade.
3 comentários:
Caro professor, fico sempre feliz em ver suas postagens ácidas em cimas dos picaretas do nosso Estado.
Infelizmente nem podemos dizer que a obra falhou, uma vez que foi construída para conseguir votos e não para melhorar a vida das pessoas. É mais ou menos o mesmo que o senhor diz em relação ao Sistema Penal, isto é, não se pode dizer que falha uma vez que foi feito para excluir e não para ressocializar...
E olha que eu nem quis ser ácido. Fiz apenas observações sinceras sobre o que vi.
Com efeito, não podemos dizer que a obra não atingiu os seus objetivos. Ao menos temos que esperar o próximo domingo para saber.
O problema é que não ser "ácido" no Pará é ser subcerviente, não exercer a crítica e se conformar pacientemente.
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