Com isso, quero crer que os transtornos daquele ponto da cidade serão resolvidos. Se bem que o motorista belenense, tapado e agressivo, sempre dá um jeito de avacalhar com as coisas. Mas pensar assim não seria positivo...
Bem a propósito, topei com matéria na imprensa chamando o aludido complexo viário de "maior intervenção urbana na Região Metropolitana de Belém". No que tange à malha viária, sem dúvida é. Mas se pensarmos em todo tipo de intervenção urbana, talvez não seja. Refiro-me à macrodrenagem da Bacia do Una que, por sua extensão e pelos elevados impactos em saneamento básico, moradia, meio ambiente e abertura de vias, dentre outros, continua me parecendo maior. Mas não sei. Quem sabe algum especialista nesse ramo pode nos esclarecer sobre isso.
Através dessa matéria fiquei sabendo que o complexo viário foi batizado de Júlio César Ribeiro de Souza, que já sabemos quem é (vide a postagem "Os nomes dos aeroportos de Belém", três abaixo desta), e o elevado ganhou o nome de Daniel Berg. Este precisei pesquisar.
Na verdade chamado Daniel Hogberg (Vargon, Suécia, 19.4.1884 — 1963), foi um missionário evangelista pentecostal que veio para a nossa região no início do século XX (chegando em Belém no dia 19.11.1910) e, juntamente com Gunnar Vingren, fundou no Brasil a "Assembleia de Deus".
Como se pode ver pela postagem "Está faltando ansiolítico nas farmácias da cidade?", duas abaixo desta, há uns beócios ocupando espaço na Internet com seus chiliques, por isso vou logo avisando que não desmereço a pessoa, a vida e a obra de Daniel Berg. Apenas não sei se sua profícua atuação religiosa valia uma homenagem com uma obra pública, realizada num Estado laico — mesmo uma laicidade medíocre, como a brasileira. Bom para seus seguidores, mas nada representativo da sociedade.
Antes que joguem pedras, devo destacar que não gostei nem um pouco de quando uma importante via da cidade foi rebatizada para "João Paulo II", em plenos funerais do papa, numa evidente demonstração de oportunismo dos vereadores da época. E, como espírita, não faço a menor questão de ter uma rua, praça ou elevado chamado "Chico Xavier", "Bezerra de Menezes" ou "Ana Prado" que, por sinal, passou sua vida aqui em Belém.
Enfim, não dou a mínima para o nome do elevado, desde que ele nos liberte desses engarrafamentos diários. Aguardemos a próxima semana para saber.
9 comentários:
Olá!
Será que o mesmo oportunismo não estaria acontecendo agora?
Um abraço.
Como sempre existem as bancadas evangélicas nos parlamentos, Cléoson, essa não seria uma hipótese a se descartar.
O nome não é problema. O que incomoda é querer fazer da inauguração um grande culto evangélico, sem dar espaço às outras religiões. "Donana" deveria lembrar que existe o culto ecumênico!
E o pior vem depois, do céu ao "inferno", do culto ao Pop Som! Como misturar esses públicos?
É... como você, espero passar por lá na segunda e não enfrentar o trânsito pesado de sempre.
Se esse 'complexado' da Júlio César for a maior intervenção urbana na grande Belém, então Marabá nos faz inveja por ter 'complexados' maiores.
Quanta pouca autoestima fazer festa por uma obrinha daquela, embora a torcida seja grande para que seja eficaz em relação ao trânsito infernal na área.
Cidade pobre é assim mesmo. Se não pode ter um viaduto, conforma-se com um elevadozinho de transferir engarrafamento. A obra não aumentou o espaço físico destinado à circulação dos automóveis. Apenas tende a melhorar o fluxo de veículos, que vão se engalfinhar nos semáforos mais próximos. Boa solução? Em parte. Porém não criou nenhuma rota alternativa, salvo quando concluído o prolongamento da Av. Independência, para dar acesso ao centro a refugiados do Benguí, Icoaraci, Cabanagem, Nova Marambaia (os da Marambaia não são mais refugiados - são nobres agora) e outras favelas ao longo da Augusto Montenegro, a exemplo das invasões Green Ville I e II.
Quanto à necessidade da obra, parabéns ao governo do estado e à prefeitura. Quanto ao foguetório, menos, menos, menos...
Estou de pleno acordo, das 8h46. Tomara que o desfecho da história seja bom.
Fred, não podemos olhar o complexo apenas pelo tamanho do elevado. Se olharmos o todo, incluindo aquele gramado, ele é imenso, criando na cidade uma área onde não haverá construções, obstáculos à circulação do vento e outras incomodidades. No entorno, haverá oportunos equipamentos públicos.
Quanto à abertura de novas vias, tu mesmo disseste: este complexo não, mas o restante do "Ação Metrópole" faz isso.
No mais, menos foguetório, com certeza.
Caro Yúdice:
Concordando com teus comentários, faço apenas ressalva ao nome da Avenida 1° de Dezembro, alterado para Avenida João Paulo II em abril de 2005, homenagem que considero meritória e adequada. Somente para ilustrar, o projeto inicial, de autoria da Ex-Vereadora Elcione Barbalho, foi substituído por projeto de teor semelhante, apresentado pelo Prefeito Duciomar Costa, em que pese a toponomástica do município ser prerrogativa da Câmara, como bem sabes. Por acordo, o projeto que virou lei foi o do Prefeito, cabendo a Elcione, a título de compensação, o direito de apresentar emenda modificativa ao texto, visto que havia uma lei municipal de 1948 dando à Avenida 1° de Dezembro o nome de Avenida 5 de Outubro e o projeto do executivo se referia ao nome antigo. Quanto à denominação, considero justíssima, posto que naquela via foi realizada missa histórica, a céu aberto, celebrada por um Papa, o primeiro a visitar nossa capital. Penso que esses eventos, aliados ao insuperável carisma de Karol Wojtyla, justificam a homenagem, já totalmente acolhida pela população.
Yúdice, o nome do Berg entrou por causa de uma Lei aprovada na câmara dos vereadores. Na verdade, o autor do Projeto de Lei queria que todo o complexo levasse o nome do missionário, mas por um erro de redação, ficou só no elevado, permitindo ao Governo essa solução estratégica de adotar dois nomes: um para o elevado e outro para o complexo (que leva o nome de Julio Cezar Ribeiro).
Não lembro agora o autor do PL, mas há de ser um pastor da Assembléia de Deus, suponho.
Caríssimo André, sei do Congresso Eucarístico, que motivou a rua ser batizada de 1º de Dezembro. E, de certo modo, penso que haveria lógica na mudança do topônimo. Mas fiquei indignado com o que me pareceu oportunismo, à época da mudança (e que continua parecendo).
Não sei de quando é o projeto da ex-vereadora, nem conheço a fundamentação do mesmo. Só sei como as coisas aconteceram após a morte de João Paulo II.
No mais, penso que o "acolhimento pela população", que mencionas, deve ser circunscrito à população católica, entrando aí a minha antipatia - pessoal, faço questão de frisar - quanto a homenagens de cunho religioso num Estado laico.
Por fim, a assimilação em apreço é frágil, já que as pessoas continuam chamando a via de 1º de Dezembro, fenômeno que se repete com a "São Jerônimo", a "Estrada Nova" e a "Independência", por mais que as mudanças tenham ocorrido há décadas.
Abraços.
Com certeza, Waleiska. A democracia brasileira, já tão combalida pelos mais variados motivos, ainda tem que conviver com essas bancadas evangélicas, nos três níveis federativos, como se segmentos religiosos precisassem de representação parlamentar preferencial. Infelizmente, não há meios de impedir isso senão pelo voto. E aí...
Pelo menos houve esse equívoco que mencionas e o nome principal pode aludir a uma personalidade histórica mais justamente homenageada.
Agradeço a informação.
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