Como qualquer ser humano, eu já me bati umas tantas vezes, inclusive na cabeça. Mas nunca, sob circunstância alguma, fiquei com os olhos lesionados a esse ponto:
Esta é a aparência da criança de apenas dois anos, que se encontrava em fase de adaptação para ser adotada pela procuradora de justiça aposentada Vera Lúcia de Sant'Anna Gomes. Este é, provavelmente, o crime de maior repercussão e clamor público no país atualmente.
Laudos periciais já confirmaram que a menina foi agredida em ocasiões diferentes, com bastante gravidade. Além de sofrer violência moral, com provável cunho racista. Mesmo assim, ao prestar depoimento perante uma delegada de polícia, a acusada negou todas as acusações. Só não forneceu nenhuma explicação para os danos físicos apresentados pela criança. Poderia ter sido a desculpa habitual das mulheres que apanham dos companheiros ("dei com a cara na porta do guardarroupa")? Será que os agressores foram os empregados que, num nefasto complô, se uniram para destruir a vida da pobre aposentada? Será que a própria vítima, de olho numa indenização, provocou os danos em si mesma? Será um caso de possessão demoníaca?
Nem quero falar de possessão porque, para tanto, provavelmente seria necessária uma bruxa para invocar o demônio e, nesse caso, as suspeitas recairiam novamente sobre a infausta procuradora. Dá uma olhada na lata da figura. Diga-se de passagem, a tal figura encontra-se indiciada por crime de tortura qualificada pelo resultado lesão corporal de natureza grave, além de majorada pela idade da vítima (art. 1º, II, c/c §§ 3º e 4º, II). A pena, nesse caso, varia de 4 anos e 8 meses a aproximadamente 13 anos e 4 meses. Trata-se de crime hediondo. Some-se a isso a imputação de crime de racismo.
A cidadã está com prisão preventiva decretada e, presentemente, foragida. Um habeas corpus deve ser impetrado hoje, mas duvido que saia uma liminar.
Os leitores habituais do blog talvez estranhem o tom desta postagem, partindo de mim, que sempre dou a cara a tapa sobre o modo como a sociedade deveria relacionar-se com os criminosos. Não mudei meus valores e convicções, não. Apenas me sensibilizei com o caso, considerando que minha filha é pouca coisa mais nova do que a vítima.
Um aspecto relevante ainda precisa ser considerado.
De acordo com gravações feitas por ex-empregados da procuradora, a mulher aparenta completo desequilíbrio em suas relações com terceiros. Se ela é assim, no ordinário da vida, como pode ser selecionada como candidata à adoção, a ponto de conseguir ter uma criança sob seu inteiro poder, já em fase de adaptação? Como foi feito esse estudo social?
Sem querer ser leviano com os profissionais que atuaram no caso, preciso dizer que, fosse um pobre pedindo adoção, aposto que investigariam eventuais antecedentes criminais dele. Investigariam tudo. Mas vai uma senhora respeitável e de boas condições financeiras, a coisa passa sem maiores dificuldades. Será que alguém olhou fundo nos olhos dessa mulher, antes de lhe entregar uma criança?
Conheço um homem que possui dois filhos adotivos e que luta, há anos, pela regularização da adoção. Uma dessas crianças foi retirada de um abrigo, onde chegou após ser literalmente arremessada contra uma parede, por quem devia cuidar dela. Anos e anos depois, o meu conhecido ainda não conseguiu que um juiz, na Bahia, proferisse uma sentença. E, com isso, temos mais um exemplo da ingrata realidade do brasileiro: dificuldade só existe para gente de bem.
Acréscimo:
A falta de eficiência das instituições persecutórias rendeu uma trapalhada hoje. Vera Lúcia Gomes foi detida por policiais em Búzios, onde possui casa. Na chegada à delegacia, contudo, descobriram que não havia mandado de prisão no local. A exibição do mandado, documento físico, é uma formalidade da lei para que a prisão seja legítima. Sem o documento, a procuradora foi liberada, com pedidos de desculpas.
Era quanto bastava para seu advogado a colocar na situação de vítima: ela teria sofrido abuso de autoridade e danos morais. Será que teremos, adiante, uma ação indenizatória contra o Estado do Rio de Janeiro, à semelhança da causa milionária movida pela parricida Suzane von Richthofen contra o Estado de São Paulo, que lhe impôs grave sofrimento na prisão?
2 comentários:
Em respeito a você, ao seu blog e aos seus leitores: Sem comentários!!!
PQP... P***A... C*****O...
Eu tinha certeza que dirias algo do gênero, Ana. Relaxa. Acho que todo mundo concorda.
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