domingo, 16 de maio de 2010

De quantas pessoas você poderia dizer o mesmo?

No ano de 2008, o cineasta David Frankel deu ao público o filme Marley e eu, adaptação para o cinema do relato cinobiográfico homônimo do jornalista John Grogan, um livro que caiu nas graças dos leitores. O filme fez um relativo sucesso.
Na época em que foi exibido por estas bandas, pôs-me num conflito: deveria eu assistir? Pelo fato de adorar cachorros, fiquei tentado. Mas sempre fui do tipo que defendeu a pena de morte para todos os responsáveis por esses filmes de bichinho deprimentes, que jamais deveriam ter sido feitos, mas que foram e pululam nas sessões da tarde da vida. Eu sabia que a perspectiva era um pouco mais séria, porém entrou em cena um outro fator aversivo: os protagonistas, dois atores — Owen Wilson e Jennifer Aniston — que me despertam enorme antipatia e desconfiança, considerando a filmografia de ambos, que vale por uma verdadeira folha de antecedentes criminais.
Como me recuso a desligar o cérebro para ir ao cinema, a aversão aos dois prevaleceu e não fui ao cinema. Mas o tempo passou e o filme acabou gravado aqui em casa, à minha disposição. E ontem paramos, eu e Polyana, para ver. Devido a um pequeno contratempo no sono da Júlia, só terminamos esta manhã.
Enfim, admito que o filme é adorável. Mas veja bem: somente para quem ama cães. Não necessariamente para quem gosta deles, mas para quem ama e realmente se importa com esses animais.
A história é extremamente singela e mostra apenas a vida de um casal, o seu cotidiano, o crescimento no emprego, a mudança de casa, o nascimento dos filhos, as dificuldades conjugais, as pequenas alegrias. Nada que rendesse um filme, se não fosse a presença do pior cachorro do mundo, um labrador incontrolável batizado em homenagem a Bob Marley. Mas, como sempre, cachorro incontrolável significa dono sem juízo. E os protagonistas sempre deixaram o cachorro fazer tudo o que ele queria. O resultado só podia ser desastroso. Ainda mais em se tratando de um animal de 45 quilos, destruidor, mastigador e com pavor de trovões.
Imagino, porém, que Frankel — mais conhecido por seus trabalhos para a TV, mas que dirigiu outro filminho popularesco, O Diabo veste Prada (2006) — parece ter captado a profissão de fé do autor do livro e produziu uma história de amor muito doce de se assistir. Piegas, sim. Principalmente a etapa final. Mas as histórias de amor intrafamiliares são basicamente isso: acontecimentos comuns, em vez de tramas rocambolescas das novelas globais; emoções à flor da pele, independentemente das censuras dos críticos de cinema ou de ocasião.
Por isso, Marley e eu é um filme dramaticamente simples e que só toca o sentimento daqueles que se sintam capazes de interagir com um animal do jeito que os personagens fazem. Nesse sentido, destaco a abertura do filme, falando sobre a emoção da criança de começar a conviver com o primeiro cachorro. E, nos minutos finais, os discursos dos três filhos do casal e a última cena, com a reflexão do protagonista.
Caímos, aqui, no velho clichê de que cachorros são muito melhores do que muita gente. Eles não se importam com casas grandes ou carrões. Basta-lhes um graveto. Não se importam se você é rico ou pobre, inteligente ou burro. Se você lhes der o seu coração, eles farão o mesmo. De quantas pessoas você poderia dizer o mesmo?
Proteste o quanto quiser, mas me diga, de coração: acaso não é verdade?

4 comentários:

Ana Miranda disse...

Eh...eh...eh...
Chorei com o filme. Eu gosto da Jenifer Aniston, por causa do "Friends". Adorei a série.
Há uns dias, eu fiz uma malvadeza com um cahorro que me atormentou por vários dias.
Eu saí para correr e no meio do caminho o encontrei. Brinquei com ele. (sempre faço isso, os cães me acompanham por um tempo e depois me deixam)
Aí, ele foi comigo até a ponte, onde corro. (uns 4km de distância da minha casa). Sempre vou andando e volto correndo, pois bem, ele foi comigo, correu comigo na ponte e voltou correndo comigo até à minha casa. Quando eu entrei, e não o deixei acompanhar-me, ele começou a chorar. Subi, moro em um apErtamento, e desci com água para ele, aí ele pulou em mim, me lambeu. Tadinho, acho que ele pensou que fosse entrar...
Me odiei por tê-lo feito acreditar que tinha ganhado uma nova amiga, pois com certeza, ele viu em mim uma amiga. Nunca mais brinquei com os cães que acho pela rua quando vou correr, não quero mais fazê-los sofrer...

Yúdice Andrade disse...

Quando criança, eu acreditava firmemente que, se déssemos atenção a um filhote, ele nos tomaria pela mãe e nos seguiria onde fôssemos. Eu desviava de cães e gatos abandonados, na rua, para evitar que me seguissem. Algumas vezes não funcionava. Outras, eu não me desviava muito bem...
Não acho que tenha sido maldade tua. Há coisas que realmente não podemos fazer. Quem dera pudéssemos atacar tudo o que nos incomoda!

Polyana disse...

Adorei o filme, e chorei horrores. Coisa de coração manteiga derretida...

Hellen Rêgo disse...

Adoro esse filme, já vi nãos ei quantas vezes e fiquei pensando na vida:)