Há quem defenda a necessidade de preservar as crianças da brutalidade do mundo, resguardando-lhes a inocência ao menos na primeira década da vida ("década" é por minha conta e risco). Outros, em sentido oposto, entendem que as crianças devem ser advertidas sobre as misérias humanas, condição essencial para que aprendam a se defender. No final das contas, a arte de viver reside em encontrar um ponto de equilíbrio entre as duas necessidades.
A produção televisiva para crianças é a bola da vez. Aí ao lado, você vê a imagem dos personagens de Vila Sésamo, um programa a que meu irmão assistia diariamente em sua infância, mas que acabou antes de eu chegar na fase TV. Com surpresa, soube que o programa ja é exibido há mais de quarenta anos.
A novidade é que a Vila Sésamo a ser exibida na Nigéria ganhará novos personagens, um deles uma menina com AIDS; outro, um sujeito que vive aprontando e sofrendo as consequências de suas más escolhas.
A iniciativa responde às duras condições sociais daquele país africano, assolado pela pobreza, condições primitivas de higiene e por uma dramática epidemia de AIDS. Os produtores pretendem cumprir uma função claramente educativa, pelo que merecem elogios. O que devemos lastimar é a realidade do mundo.
4 comentários:
Não sei se o ideal é mostrar as mazelas do mundo, como elas são, mas incluir personagens de grupos discriminados ajuda na diminuição do preconceito. As crianças vão se familiarizando com as diferenças.
Concordo plenamente com a Lu.
Nada como crescer num ambiente de tolerância e de naturalidade. Afinal, as diferenças estão em qualquer ambiente, inclusive naqueles frequentados pelas crianças, como a escola, o playground, as festinhas.
Diante do novo, a tendência é a rejeição. Se a criança já entende que o diferente não significa ruim, evita-se uma vida de limitações.
Meus filhos, sabe Deus quando vêm, verão desenhos com essa proposta.
Beijos, Lu e Yúdice.
Eu ainda não tenho opinião formada sobre a ditocotima fantasia x realidade na educação infantil.
O ideal mesmo é balancear as duas coisas, A criança tem que possuir a inocência, pois, caso contrário virará somente um adulto de 5 anos e, ao mesmo tempo, ter noção de onde vive.
Aliás, e vejo na Júlia esse equilíbrio. É uma guria extremamente esperta e que, no entanto possui a inocência da infância. Por isso, dou-lhes parabéns.
Abraços
Não quis dizer, simplesmente, "mostrar as mazelas do mundo", Lu e Tônia. Mas os produtores do programa mencionaram que havia a intenção de ensinar o público e lidar com necessidades pragmáticas, tais como combater mosquitos. Com isso, ensinar respeito à diversidade passa a ser um aspecto a considerar e, com certeza, também foi pensado pelos produtores.
Jean, o termo correto seria um falso adulto de cinco anos, com amplos prejuízos a sua formação e felicidade.
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