quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

E se comer não fosse um prazer?

Estávamos, ainda há pouco, eu e minha esposa, no Marujos da Sé degustando, eu, um "salmão Mediterrâneo" (filé de salmão, purê de batatas, banana frita e alcaparras — perfeito!); ela, um risoto de polvo (com um leve acento de leite de côco — estupendo!), quando exclamei: "Que droga, não? Por que comer é tão bom?!" Então me ocorreu a hipótese absurda de não ser assim. Imagine como seria o mundo se comer representasse para nós estritamente uma necessidade, que não nos proporcionasse nenhum prazer.
As primeiras conclusões a que chegamos, em nosso bate papo surreal, foram as seguintes:

1. As pessoas seriam mais saudáveis, porque não cometeriam excessos. Seríamos uma população magra, mas não esquálida, porque como nos alimentaríamos somente por razões de subsistência, a tendência seria comermos o que fosse mais nutritivo, a fim de podermos comer o menos possível.

2. A obesidade seria uma raridade, provavelmente determinada por disfunções endócrinas ou causas semelhantes. Isso aumentaria bastante o preconceito contra os obesos.

3. Como as pessoas não praticariam excessos alimentares, comprariam menos comida. Assim, ela seria mais acessível aos mais pobres, já que os preços são também definidos pelas oferta e procura. Com a menor procura, os preços seriam mais baixos e os produtores, para não ter prejuízo, precisariam recorrer aos mercados mais frágeis.

4. A comida mais cara seria a mais nutritiva. Os mais ricos buscariam comer o mínimo que pudessem. Isso faria os pobres comerem mais que os ricos, já que os alimentos menos nutritivos seriam mais baratos.

5. A obsessão da indústria seria produzir algum tipo de substitutivo alimentar que permitisse ao consumidor ficar o máximo de tempo sem comer, sem prejuízos a sua nutrição.

6. Restaurantes e congêneres não existiriam, o que mudaria drasticamente o sistema de emprego mundo afora. Milhares de trabalhadores teriam que ser albergadas em outras atividades. Imagino que a indústria do entretenimento seria fomentada.

7. O turismo também seria completamente diferente. Como não haveria restaurantes, as pessoas tenderiam a valorizar outras opções turísticas, especialmente as paisagens naturais. A relação entre as pessoas e o meio ambiente seria mais estreita, o que seria ótimo para a conservação do planeta. A consciência ambiental seria mais desenvolvida.

Estas foram as elucubrações que fizemos em cerca de cinco minutos. É maluquice, sabemos, mas há algumas revistas (Superinteressante e Mundo Estranho, por exemplo) com seções baseadas justamente nessas hipóteses aberrantes.

Qual a sua opinião? Como você acha que seria o mundo se a comida não nos desse prazer?

4 comentários:

Unknown disse...

Horrível, professor...rs.
Bom feriado e muito axé.

Ivan Daniel disse...

Muito do que comemos não existiria como "comida", não haveria necessidade.

Frederico Guerreiro disse...

Assista Tráfico Humano e vamos ver se conseguirá ter prazer em comer alguma coisa.

Anônimo disse...

Hei, Yúdice e o que faríamos com os nossos penicos?