segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Qualquer semelhança não é mera coincidência

Da coluna Repórter 70 de hoje:

ASSALTO
Restaurante
No início da madrugada de ontem, dezenas de pessoas que se encontravam em um restaurante na Almirante Wandenkolk, próximo à Bernal do Couto, viveram momentos de pânico e terror, quando a casa foi invadida por seis bandidos armados e dispostos a fazer o que fosse necessário para alcançarem seus intentos.

AudáciaPrimeiro foram assaltados os clientes que estavam na área externa do restaurante. Enquanto dois bandidos levavam celulares, jóias, relógios, dinheiro e cartões, quatro invadiam a área interna, rendiam os garçons e faziam a limpeza. Um funcionário foi ameaçado de morte, caso atendesse o telefone, que tocava insistentemente. Um casal conseguiu, sabe Deus como, esconder alianças e anéis de brilhante sob um guardanapo. Os larápios ficaram tão à vontade que metiam as mãos nos bolsos dos fregueses. A Polícia, como sempre, chegou quando a gangue já estava longe.

O assalto narrado nas notas acima é idêntico ao que sofri há dez dias. A única diferença é que, no meu caso, a polícia chegou quando os assaltantes deixavam o estabelecimento. Além do inevitável sentimento de insegurança que saber disso provoca — sentimento esse agora reforçado pela memória emotiva —, ainda há o adicional de que o fato se deu em restaurante que costumo frequentar.
Notem que ambos os ataques ocorreram no mesmo bairro, Umarizal, cujos índices de assaltos são altos. No meu caso, na esquina da Boaventura da Silva com Dom Romualdo de Seixas. Este, na Waldenkolk, a poucos quarteirões de distância. Tais crimes, assim, além de serem favorecidos pelo pouco ou nenhum policiamento ostensivo (lembram que eu anunciei o desaparecimento das viaturas, após as eleições?), ocorrem pela fácil mobilidade que os criminosos têm para as fugas e pelo fato de serem locais de menor movimento, mesmo na night.
Sabendo disso, já era hora de as autoridades montarem protocolos de policiamento que monitorassem os pontos atrativos dos bandidos, por exemplo restaurantes. Segurança pública se faz assim: prevenindo os crimes. Até porque, como o cara que foge nunca será preso, as perícias criminais por estas bandas são risíveis e os cadastros policiais são risíveis, remediar é impossível. Se a polícia também não prevenir, para que ela serve? Para extorquir lanchinhos dos infelizes comerciantes, nas raras rondas que fazem, limitadas à luz do dia?
Será que o cidadão precisará pegar em armas, montar uma milícia urbana e sair matando criminosos na rua, protegido por um pacto de silêncio entre toda a vizinhança, beneficiária do serviço e consciente de que não adianta esperar nada do Estado?

Acréscimo feito em 4.12.2006, às 21h14:
Constatando que não me recuperei do abalo, pergunto-me onde está o Sindicato de Hoteis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará numa hora dessas. Tal sindicato sabe bem protestar, quando lhe convém, e me angustia que esteja tão silente. Será que já considera uma causa perdida tentar acordos com as autoridades de segurança? Lembre-se que, quando a polícia mandou restringir o horário de comercialização de bebida alcoólica, medida corretíssima depois intentada por meio de lei estadual, o sindicato espoletou, fez um escandâlo. Eu então questiono: Uma onda de assaltos não pode afastar os clientes dos bares e restaurantes? Isso não pode conduzir à inidoneidade financeira dos estabelecimentos? Isso não ameaça os empregos de milhares de trabalhadores? Isso não compromete a arrecadação tributária?
Se ninguém me responder isso, concluirei que a filosofia malufista do estuprar-pode-matar-não foi implantada em Belém. Assaltar pode; restringir a manguaça, de jeito nenhum!

4 comentários:

Ivan Daniel disse...

Yúdice, estava lendo esse post e imediatamente ligando pra minha esposa que está em uma confraternização na Cia. Paulista da Doca.

Frederico Guerreiro disse...

O pior do trauma é o seu prolongamento no tempo, nas insatisfações, na não correpondência, na sensação de impotência diante da realidade, na afetação da paz interior, na perda.
O tempo, meu amigo, e só ele, é o Senhor de todas as curas. Enquanto ele passa, nos traz a consciência de que o mundo é totalmente diferente daquele que idealizamos, sem, contudo, deixar-nos resignar.

Apenas restringir a manguaça está ao alcance das autoridades. Assaltar,esse é um atributo tão próprio que não lhes desperta interesse.

Anônimo disse...

CONVOCAÇÃO
Caro Yúdice, seguindo sugestão do profº Fábio Castro, estou em campanha para conseguir colaboradores para redigir um texto com "10 desejáveis virtudes para a política cultural do PT no Estado". Já tenho 4 pessoas confirmadas.
Como vc sabe, o profº escreveu sobre os "10 pecados da política cultural do PSDB" e, depois dessa bela análise, seria construtivo elaborarmos os textos com as virtudes, não acha?
Será uma satisfação contar com a sua colaboração nessa empreitada.

Abs!

Anônimo disse...

Yúdice, já temos dois temas selecinados: Modéstia e Interiorização. O prazo para escrever é até o final do mês.
Um abraço e aguardo sua resposta.
Lu.