terça-feira, 13 de julho de 2010

Nossos horríveis números

A reiteração com que assaltos com reféns têm ocorrido em Belém nos proporciona mais uma deplorável exposição nacional. Reportagem anunciada na página principal do portal R7 dá conta de que, somente este ano, já foram registrados 32 casos do gênero em nossa cidade. A matéria informa, ainda, que a maioria dos envolvidos é de adolescentes, concluindo que a população vive com medo.
Isto nos remete à antiga e novamente em voga discussão acerca da redução da maioridade penal. Tenho continuamente manifestado a minha objeção e há precedentes a esse respeito aqui no blog, como este e este. Mas penso que um amigo meu tem a razão: casado com uma psicóloga que trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco, e naturalmente avessa a essa ideia, ele comentou comigo outro dia que, do jeito que as coisas andam, essa redução será um fenômeno natural, dentro em breve.
Começo a achar que será, mesmo. O que me angustia é que não se chegará a isso através de um debate sereno, e sim graças à urgência, que é compreensível mas perigosa, e à irracionalidade, que é a opção comportamental do brasileiro médio. E é isso que dá medo.
Num ano eleitoral, as cabeças provavelmente não estarão voltadas para isso. Mas sempre há uma vida após as eleições...

3 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Continuo em total acordo com vc e a psicóloga, Yúdice. Há que se ter cuidado tanto com os bandidos, bem como com a superficialidade, nesta delicada questão.
Abs

Yúdice Andrade disse...

É contra essa superficialidade que me bato, Barretto. Aqui no blog e, principalmente, em minhas aulas.

Frederico Guerreiro disse...

Sou contra a redução da maior idade penal. Não resolve. Esse senso comum de vingança tem raízes mais profundas, que passam, inclusive, pelo controle da natalidade. Mas o tal senso comum quer uma solução rápida quando ela só pode ser a longo prazo.
Assim, a sociedade deve arcar com sua co-culpabilidade pela criminalidade. A moral e a ética atual garantem o crime mais que o repudiam. Mas o repúdio é mais evidente.
Não querer ser igual é cada vez mais da nossa natureza. Daí a desigualdade.