quinta-feira, 15 de julho de 2010

Crueldade, ambiguidade e crime

Na coluna "Repórter Diário", hoje:

Uma garça foi apedrejada por um jovem ontem à tarde no Canal da Caripunas entre 14 de Março e Generalíssimo Deodoro, que rapidamente fugiu do local. Moradores do local prestaram os primeiros socorros à ave que aparentemente estava com a pata quebrada. Viatura do Corpo de Bombeiros foi acionada e levou a ave para ser socorrida.

A crueldade
Volta e meia, lemos notícias sobre crueldade contra os animais de nosso espaço urbano. Felizmente, no contexto de uma cidade que tem o privilégio de ver, à solta, animais silvestres convivendo com o bicho-homem, como ocorre na Praça Batista Campos, p. ex., esses atentados são pouco frequentes e sempre disparam reações de auxílio, além da inevitável indignação. Prova de que a gente simples de Belém ainda se reconhece como personagem de uma bonita história de interação com a natureza.

A ambiguidade
Repetindo: "Uma garça foi apedrejada por um jovem ontem à tarde no Canal da Caripunas entre 14 de Março e Generalíssimo Deodoro, que rapidamente fugiu do local". Ou seja, quem fugiu do local foi o Canal da Caripunas! Como diria minha filha, muito estranho, isso...
Além da falta de duas vírgulas, o texto peca pela má construção, já que usou indevidamente o "que", produzindo um resultado inesperado e impossível, já que canais não fogem por aí. Talvez o da Caripunas, muito sensível, não tenha suportado ver o sofrimento da garça; ou talvez tenha se preocupado em ser envolvido no delito.
Falando em notícias mal redigidas, você se lembra do resgate do jacaré?

O crime
A conduta de "praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos" constitui crime, passível de três meses a um ano de detenção, além de multa, segundo o art. 32 da Lei n. 9.605, de 1998 Lei de Crimes Ambientais. A pena é aumentada de um sexto a um terço em caso de morte do animal. Do animal vítima, não do que praticou a agressão.

3 comentários:

Anônimo disse...

São tantos os casos de maus tratos contra animais, Yúdice, que dói o coração só de pensar. Em Campinas, um tal político chamado Feliciano criou uma lei para punir as pessoas que maltratam animais. Aliás, parece que também abriram um lugar para receber exclusivamente denúncias deste teor. Não sei se vai adiantar muito. As penas são muito levianas...

Alexandre

Frederico Guerreiro disse...

Pena de detenção. TCO. Que pena, Mas põe o guri para cuidar de animais.

Luiza Montenegro Duarte disse...

Fiquei imaginando uma coisinha pequenina e fofíssima dizendo "muito estranho, isso". Deve ser uma graça!