Entre 1997 e 2007, dez mulheres foram assassinadas no Brasil por dia. Não há razões para supormos que, de 2007 para cá, houve retração nos índices de violência contra a mulher, inclusive no que tange a homicídios. Não apenas por conta dos casos que estão na mídia neste momento (Eliza Samudio em Minas Gerais, Ana Karízia aqui no Pará), mas porque, se fizermos uma retrospectiva, encontraremos inúmeros casos, que passam por Eloá Pimentel mais recentemente, Sandra Gomide mais antigamente e Maria da Penha Maia Fernandes, ainda mais antigamente, sendo esta última a razão de ser do apelido dado à Lei n. 11.340, de 2006.
Se quisermos folhear as páginas policiais e dar atenção às anônimas, os números decerto nos maltratarão.
O fato é que, a despeito de tudo que se faz e diz, o brasileiro ainda está longe de abdicar de uma ideologia machista, inacreditavelmente presente e renovada todos os dias.
Quantas mulheres mais precisam morrer para que, enfim, comecemos a mudar?
3 comentários:
E olha que já não se usa mais dizer que o homem matou sua companheira em "defesa de sua honra".
Esses números são absurdamente assustadores...
Engano seu, Ana. Embora rara, essa tese ainda aparece. Nos casos que vi, não fora bem sucedida. Mas se não há nada melhor para alegar...
Acho assustador que algumas teses machistas ainda prosperem, não em juízo, mas na sociedade, o que já é bem terrível.
Nos primeiros casos que o senhor citou, da Eliza Samuno e da Ana Karízia, há muita gente dizendo que mereceram a violência que sofreram, por "terem estragado o casamento do homem e ficarem atrás de pensão".
Eliza ainda é ofendida por ter sido amante de vários jogadores (todos santos, provavelmente), como se isso justificasse qualquer coisa.
A culpa é sempre da mulher. Se o homem trai a esposa, a culpa é da "vagabunda" da amante. Se a mãe exige o direito do filho à pensão, é uma "aproveitadora".
Ainda são tempos difíceis...
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