segunda-feira, 5 de julho de 2010

Robofish

Normalmente quando encontro uma reportagem sobre tecnologia, mando pro Yúdice com os dizeres "legal pra pôr nor blog". Mas como agora posso publicar, resolvi colocar aqui eu mesma. Leiam a reportagem e meus comentários abaixo:

Cientistas da Universidade Leeds criaram um peixe robô que, de tão perfeito, engana os próprios cardumes.
O experimento aumenta a possibilidade de estudar comportamento dos peixes e dinâmica de grupos. Além disso, as informações coletadas pelo Robofish, como foi batizado, podem ajudar nos cuidados com o meio ambiente, estudando as rotas migratórias dos animais e o impacto humano em seu habitat.
Liderada pelo pesquisador Jolyon Faria, a equipe criou um modelo com barbatanas de acetato, pintado de forma a se misturar com o cardume estudado. O objetivo era provar que robô poderia ser aceito pelo cardume e a principal preocupação era com o cheiro, já que os peixes usam químicos para se identificar.
No entanto, ao ser colocado em um tanque, o Robofish enganou o cardume e até mesmo liderou o grupo em movimentos. Programado para se locomover um pouco mais rápido do que a média, o robô foi visto como líder pelos outros peixes, que, em sua presença, deixaram o tanque em direção a uma outra área de experimento de forma muito mais rápida.
O trabalho foi publicado na Behavioural Ecology and Sociobiology

Nem é possível pra mim avaliar a grandiosidade deste feito. O estudo de metáforas computacionais para comportamentos naturais é uma das áreas mais fascinantes da computação, e também das mais difíceis. A própria competição Robocup, de futebol de robôs é muito subestimada pelo público em geral, que não consegue visualizar as dificuldades de se implementar um trabalho coordenado e cooperativo em uma equipe de agente robóticos. O estudo de como os animais fazem a coordenação de movimentos e alteração de rotas, e sobrevivência (o desafio último) é uma boa fonte de inspiração para quem estuda Inteligência Artificial. Bem, ainda preciso escrever um post específico sobre isso, mas este foi para compartilhar esta maravilhosa notícia. O fato de uma máquina poder enganar seres tão bem adaptado à vida coletiva, e tão seletivos na escolha de seus líderes mostra que estamos compreendendo cada vez melhor os mecanismos naturais. Isto nos permite tornar os mecanismos artificiais bem mais bem adaptados ao que precisamos que ele pareça: que sempre esteve lá.

2 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Então, que venha a postagem específica. Para um leigo, como eu, a sensação trazida pela notícia é de curiosidade. E por ter alguma noção de por onde a coisa pode ir, fico pensando nas aplicações práticas de pesquisas como essa.

Ana Miranda disse...

Eu sou tão analfabeta em tecnologia que acabo achando tudo normal, quando na verdade é tudo muito complexo e de grande avanço.