quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Os 33

"Este inferno está me matando. Tento ser forte mas, quando durmo, de repente sonho que estou em um forno e quando acordo me encontro nesta escuridão eterna."
Victor Segovia, um dos 33, em carta à família

O mundo acompanha com grande interesse o drama cinematográfico dos 33 mineiros presos a 622 metros de profundidade, no Chile. Os motivos do interesse, decerto, são os mais variados. Muitos devem motivar-se apenas na morbidez, mas quero crer que a maioria se vê enredada numa teia de solidariedade. Afinal, ser enterrado vivo é um terror clássico no imaginário humano. Para mim, o atrativo é uma curiosa empatia, pois tenho lá a minha claustrofobia e, de me imaginar vivendo situação semelhante, sinto a mudança do ritmo cardíaco. Não sei se o pânico me permitiria sobreviver a isso. Daí que tenho me comovido com sinceridade desde que soube do caso.
Para a imprensa, o filão é tão bom que várias emissoras estão trasmitindo o resgate ao vivo, sem parar. São mais de mil jornalistas no entorno da mina San José.
Tragédias já renderam diversos filmes. Nem todos com a projeção do ótimo Mar em fúria (The perfect storm, dir. Wolfgang Petersen, EUA, 2000), p. ex. Alguns só servem mesmo para sessão da tarde e olhe lá. Mas o acidente da mina San José, pelo número de vítimas, duração e complexidade do resgate, além do fato de atrair a atenção do mundo inteiro com as facilidades trazidas pelas tecnologias de comunicação, tem potencial de gerar uma boa representação cinematográfica. Claro que isso já foi cogitado. Suspeito que o projeto já tem até título: "Os 33".
Só espero que os abutres da notícia deem tempo aos mineiros de respirar e de estar com suas famílias. Que se lhes respeite o momento. Há tempo para ganhar dinheiro depois.
Neste instante, anuncia-se que o 16º homem chegou à superfície. Quase a metade do trabalho foi feita. Felizmente, tudo transcorre bem, sem nenhum dos incidentes cogitados. Já se especula sobre a possibilidade de concluir o resgate ainda hoje. Tomara. Já prendi demais a respiração pensando nisso. Eles, então, nem se compara.

Ver: http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/10/13/para-psicologos-mineiros-terao-dificuldades-de-se-readaptar-vida-normal-922771540.asp

Um comentário:

Ana Miranda disse...

Somente agora, com todos salvos, respiro aliviada, feliz e satisfeita com o desfecho do drama vivido por esses seres extraordinários.
Agora é torcer para que não haja efeitos colatareis por tanta ausência solar...