segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Explicação indignada

Como me pediram, formeço uma explicação acerca do teor da postagem Twitterítica IV, abaixo.

Um amigo comentou, meio que ao acaso, ter passado pelas obras do "Ação Metrópole" e se impressionado com a rapidez delas. Outro replicou que essa é a única obra do governo Ana Júlia. Implantado o dissenso, o primeiro disse que Ana Júlia faz um governo medíocre (importante: votou nela e está decepcionado com o resultado). Foi quando uma terceira pessoa começou a explicar, séria e serenamente, que votará em Jáder Barbalho, Priante ou quem quer que seja o candidato do PMDB ao governo do Estado, pois tem contatos nesse partido e assim pode obter algum cargo. Indignei-me. Reclamei da atitude de votar numa pessoa, sem se interessar por quem seja, por seu histórico e seus objetivos, apenas para tirar um proveito pessoal.
A coisa piorou: aventada a possibilidade de vitória de um candidato do PSDB, foi sugerido ao dito cujo que se aproxime de contatos tucanos, para ter uma outra alternativa. O cara pensou um pouco e se lembrou de que a namorada de um amigo dele é filha de não sei quem do PSDB e que, talvez, por esse caminho, conseguisse uma posição. Para tanto, sondaria esse contato. Eu, que não costumo debater política a menos que esteja junto a pessoas dispostas a tratá-la de modo algo científico, para não entrar em futricos de botequim , perdi a paciência:
E depois reclamam do Sarney, do Congresso, do governo! Se um cidadão que estudou, formou-se, trabalha e tem acesso a todas as comodidades da vida escolhe um candidato dessa forma, como esperar que este país tenha jeito?
Entrou em cena, então, um último personagem, visivelmente aborrecido com a minha repreensão, ponderando que o nosso companheiro “precisava trabalhar para sustentar-se”.
E? indaguei, já sabendo por onde a coisa ia.
Em suma, foi dada razão ao vendedor de voto, porque ele precisa cuidar dos próprios interesses. É um jovem que precisa conquistar um lugar no mercado e, enquanto não passar num concurso público, pode ir se virando dessa forma. Já conhecedor das opiniões classe média dessa pessoa, soltei uma última increpação e saí da conversa. Sabia que estaria sozinho. Eu é que seria o otário.

É assim que se faz o Brasil: os ricos votam em quem vai deixá-los mais ricos; os de classe média votam em quem lhes dará uma casquinha tacanha das benesses, numa análise egocêntrica e sem visão de futuro, muito menos de conjunto; e os pobres votam em quem tem maior apelo perante a mídia. E depois todos reclamam do Sarney!

Independência que nada! O Brasil pode ser livre, mas o brasileiro é o típico colonizado. E o pior é que gosta disso.

4 comentários:

Anônimo disse...

O mais interessante é querer ficar rico no Brasil.Neste caso ou se vive eternamente no exterior ou eternamente com medo. Isso sem falar nos custos dos condomínios, que tal o seu valor para propiciar um pouquinho daquilo que deveria se ter na rua (diga-se segurança), levam muita gente a se envolver em atos ilícitos, para então poderem pagar caríssimo por aquilo que lugares decentes oferecem como normalidade. Um destes casos são os puxa saco de políticos, que ajudam a detonar o chiqueiro no qual eles já vivem e mesmo assim ainda acreditam estar ganhando algo.

Belenâmbulo disse...

Yúdice,
Parece que somos os otários da história mesmo... Resta-nos espernear, isso você faz com maestria!

Abraço

Yúdice Andrade disse...

Além do problema que mencionas, das 23h05, que é um fato, também devemos lembrar que um eventual aumento de salário implica numa mordida muito mais violenta do imposto de renda. Em caso de mudança de alíquota, então, às vezes é melhor ganhar menos!

O que eu gostaria mesmo, Wagner, era não precisar espernear...

Luiza Montenegro Duarte disse...

Ah, professor, estava viajando de férias e não acompanhei a mencionada discussão. Do contrário, o senhor jamais estaria sozinho.

Não me recordo bem, mas acredito que tenha sido Platão quem disse que o governo é o espelho do povo. O brasileiro vota em quem lhe dá algum tipo de benefício. Como esperar que nossos políticos não tomassem somente decisões que os beneficiam?