Com o recomeço das aulas, minhas noites voltaram a ser ocupadas, acabando com uma rotina estabelecida nas últimas semanas: dar o último banho do dia na pequena Júlia e passá-la para a mãe, que a arruma para dormir. Vou ao seu quarto, dou um beijo, um "boa noite" e um "Deus te abençoe" e deixo que ela relaxe para adormecer. Por volta de 23h30, o leitinho que encerra a alimentação do dia, na maioria das vezes sou eu que dou. Ou melhor, era.
Ontem, debrucei-me sobre o berço, passando muito de leve a ponta do dedo pela cabecinha tão amada. E me dei conta de que, apesar de a nova rotina ser tão recente, já sinto uma falta extraordinária de minha filha, de estar com ela em seus momentos de atividade, ainda mais naquele período, entre o jantar e o banho, em que ela parece sempre tão feliz.
Pus-me, então, a pensar nos pais que, por motivo de divórcio, perdem a convivência cotidiana com seus filhos, passando a viver de ajustes e autorizações. Deve ser horroroso. Mas pode ser pior: podem tornar-se vítimas de alienação parental — a sumamente covarde violência que vitimiza pais e filhos, alijados da possibilidade de construir a própria história, e que felizmente vem sendo mais conhecida ultimamente, estando mesmo em vias de se tornar objeto de uma proposição legislativa, que eu espero vire lei de verdade, o mais rápido possível.
Felizmente, no meu caso, era apenas um devaneio. Sussurrei um "eu te amo", deixei Júlia dormir e fui para a minha cama. Esta manhã, lá estava ela em meus braços. Graças a Deus.
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