Agosto é o mês de aniversário do blog e, com isso, experimento uma curiosa nostalgia, que me leva a investigar o que andei escrevendo nos primórdios. As duas primeiras postagens que produzi forneciam explicações sobre o próprio blog. A terceira, do dia 1º.9.2006, foi a primeira em que apresentei um arbítrio. Sob o título "Silenciadores", ei-la:
Como todos sabem, em Belém há dois jornais. O primeiro pertence a uma família e está firmemente atrelado a certos grupos políticos e econômicos, sendo seu fiel porta-voz. O segundo, também, só mudando os envolvidos. Um deles, só fala bem do governo estadual. O outro, desce o malho.(1)
Pois bem, o jornal que só fala mal do governo noticiou ontem que serão comprados silenciadores para pistolas .40, para entregar à polícia. Hoje, uma segunda nota afirma haver insurgência entre os oficiais da Polícia Militar, pois silenciador em arma é coisa de bandido. Engraçado, ao ler a notícia ontem, foi exatamente o primeiro pensamento que me ocorreu. Afinal, como agente público que é e estando dentro da legalidade, o policial não precisa, segundo penso, silenciar seus disparos, pois poderá demonstrar que estava no estrito cumprimento do dever. Já o bandido precisa atacar e fugir sem chamar muito a atenção. Até pensei em operações especiais e sigilosas, mas ainda não entendi qual é a necessidade de a polícia possuir esses artefatos. Deve ser porque, assim como os Secretários de Segurança Pública (pelo menos os do Pará e São Paulo), eu também não entendo nada do métier.
Prossegue a nota de hoje dizendo que há reclamação quanto ao fato de que tal compra é apenas para passar à sociedade a impressão de que se investe na polícia, quando na verdade falta o investimento essencial, que é humano. Juro para vocês que essa foi a segunda coisa em que pensei. Afinal, homem pobre e endividado + estressado pelo trabalho + sem perspectivas de crescimento + arma na mão = conseqüências funestas.(2)
Esse é o nosso Pará, levantando a bandeira da segurança pública!!(3)
(1) Esta introdução, explicativa, me soou tão ingênua, agora. Note-se que o contexto político, à época, era muito diferente.
(2) Honestamente, mudou alguma coisa? Acho que mudou para mim: conheci umas pessoas interessantes, que entendem desse riscado.
(3) Ironizando o slogan governamental da época.
Nenhum comentário:
Postar um comentário