sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Silenciadores

Como todos sabem, em Belém há dois jornais. O primeiro pertence a uma família e está firmemente atrelado a certos grupos políticos e econômicos, sendo seu fiel porta-voz. O segundo, também, só mudando os envolvidos. Um deles, só fala bem do governo estadual. O outro, desce o malho.
Pois bem, o jornal que só fala mal do governo noticiou ontem que serão comprados silenciadores para pistolas .40, para entregar à polícia. Hoje, uma segunda nota afirma haver insurgência entre os oficiais da Polícia Militar, pois silenciador em arma é coisa de bandido. Engraçado, ao ler a notícia ontem, foi exatamente o primeiro pensamento que me ocorreu. Afinal, como agente público que é e estando dentro da legalidade, o policial não precisa, segundo penso, silenciar seus disparos, pois poderá demonstrar que estava no estrito cumprimento do dever. Já o bandido precisa atacar e fugir sem chamar muito a atenção. Até pensei em operações especiais e sigilosas, mas ainda não entendi qual é a necessidade de a polícia possuir esses artefatos. Deve ser porque, assim como os Secretários de Segurança Pública (pelo menos os do Pará e São Paulo), eu também não entendo nada do métier.
Prossegue a nota de hoje dizendo que há reclamação quanto ao fato de que tal compra é apenas para passar à sociedade a impressão de que se investe na polícia, quando na verdade falta o investimento essencial, que é humano. Juro para vocês que essa foi a segunda coisa em que pensei. Afinal, homem pobre e endividado + estressado pelo trabalho + sem perspectivas de crescimento + arma na mão = consequências funestas.
Esse é o nosso Pará, levantando a bandeira da segurança pública!!

Acréscimo em 23.8.2011
"Como todos sabem". Na verdade, ninguém tem a obrigação de saber que em Belém há dois jornais (o cenário não mudou muito em cinco anos), mas a assertiva demonstra minha percepção, à época, de que não seria lido por pessoas de outras cidades.
Quando o blog surgiu, eu escrevia muito sobre a política local, fruto de minha irresignação com o poder quase absoluto do governo estadual da época, blindado por todos os lados. A proximidade de eleições reforçou isso, mas depois o "Arbítrio" foi abandonando a política (continuo me interessando demais pelo assunto, mas pouco escrevo a respeito e prefiro no "Flanar", blog do qual me tornei colaborador) e se tornando um blog de cotidiano. Outra ênfase está nos temas ligados ao Direito e à educação, por força de minha atividade docente.

2 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

Esse negócio de silenciador é para dar mais tesão na hora de atirar.
Aliás, ouvi dizer que esse tipo de artefato é proibido no Brasil, seja utilizado por quem for.
Penso que se isso acontecer aqui no Pará é para que tenhamos então uma polícia equipada com recurso "muting", nossa polícia sem áudio. Interessante. Coitado do cego.

Yúdice Andrade disse...

Deixei de responder a este comentário, na época, mas ele continua atual. Vale destacar que o Fred é um dos meus leitores fieis e se caracteriza por esse estilo ferino, mordaz, que é ótimo.