A Folha Online publicou matéria sobre o primeiro processo movido, no Brasil, contra a Igreja Católica, pleiteando indenização e tratamento em favor das vítimas de abuso sexual perpetrado por um padre. Já não era se em tempo. Algo de muito concreto precisa ser feito para conter os frequentes abusos contra crianças e adolescentes que, a par da inexperiência, ainda anulam a vontade diante do poder que o sacerdote lhes inspira, já que, segundo consta, são representantes de Deus na Terra.
Veja-se esse caso. São treze vítimas conhecidas, mas nos delitos sexuais o que vem à tona, normalmente, é apenas a ponta do iceberg. As consequências previsíveis – humilhação, vergonha, danos psíquicos de difícil reparação – precisam ser minoradas como possível e, é claro, há que se exigir-se isso do culpado. A pergunta é: compete à Igreja responder solidariamente? A resposta só pode ser afirmativa. Não somente porque o delinquente pertence aos seus quadros e usou a infraestrutura e as prerrogativas eclesiásticas para dar vazão a seus instintos bestiais, mas também por ser, a Igreja, uma instituição riquíssima, cujo incomensurável patrimônio não se sabe a quem serve. Mas, acima de tudo, pela histórica e intransigente postura da Igreja em proteger seus membros, não importa o que façam. Se os protege, a instituição mostra tacitamente que os apoia e, assim, deve responder conjuntamente pelos atos que não coibiu. Não se trata de menosprezar a Igreja Católica – discurso reducionista e ridículo a que os tolos de plantão sempre recorrem. Nada aqui se disse sobre a teologia católica. Cuida-se, isto sim, de um problema gravíssimo de segurança pública. Cuida-se de dar a Deus o que é de Deus. E à cadeia os que a merecem.
4 comentários:
Concordo plenamente e penalmente. A igreja Católica, assim como outra qualquer, deve responder pelos abusos de seus clérigos e, assim como uma empresa, se conseguirem atingir-lhe o bolso, estarão, então, dando um tiro certeiro no clericalismo.
A indulgência interna de toda corporação é a conivência mútua interna de seus membros.
Faça-se idéia do que deve acontacer nas evangélicas, onde a língua é bem mais afiada e a hipnose em nível 9 na escala Richter.
Grato pelas palavras, amigo Fred. Mas acho que nas igrejas evangélicas o problema do abuso sexual não é tão grande. Acredito que os evangélicos são mais aferrados à moralidade de sua teologia. E, se formos olhar pelo lado da bandalheira, acho que a intenção de enriquecimento seria prioridade. Essa coisa de explorar a autoridade mística para abusar sexualmente de menores está mais arraigada entre os sacerdotes católicos. Pelo menos, eu acho.
O duro é que o povo só ve o erro na igreja católica e os pastores ladroes e pedofilos que existem ninguém ve isso
O anônimo de maio de 2010 está nítida e grandemente enganado. As igrejas evangélica são muito mais criticadas e vigiadas. O fato é que não se pode recorrer às mazelas dos outros para minimizar as próprias.
Postar um comentário