sábado, 2 de setembro de 2006

Terrinha

Em São Paulo e Municípios próximos, vi imensos aneis viários, com viadutos e passagens de nível inferior, dando fluidez ao trânsito em várias direções, sem a necessidade de semáforos ou cruzamentos.
De Vitória chega-se à cidade vizinha, Vila Velha, passando por uma ponte impressionante que, em seu ponto mais alto, ostenta 90 metros de altura.
No Rio de Janeiro, passei por vários túneis sob montanhas e, num trajeto até o aeroporto, o carro praticamente não trafegou pelo chão: esteve quase todo o tempo sobre viadutos.
Em Florianópolis, em 2000, vi uma placa anunciando o início das obras da Av. Beira Mar Sul. Dois anos mais tarde, já estava concluído um monumental aterro e bem avançadas as obras de um túnel duplo rasgando um morro.
Com dinheiro e vontade política, a natureza não é páreo para o empreendedorismo humano. Enquanto isso, aqui na terrinha, o impactante projeto do Complexo Viário do Entroncamento, que teria até galeria subterrânea de lojas com acesso por escadas rolantes, por contenção de despesas foi reduzido, reduzido, reduzido - até sobrarem apenas as passagens inferiores (túnel é uma passagem construída atravessando rochas ou montanhas), uma rotatória e três passarelinhas mixurucas. Passados mais de cinco anos, a porcaria continua intérmina e a data de inauguração é divulgada e adiada, divulgada e adiada, divulgada e adiada...
Sinceramente, fico triste por minha terra - um saco de pancadas na politicalha nacional. Quando viajo e vejo a aparente facilidade com que se erguem equipamentos de infraestrutura urbana por aí afora, sinto-me minúsculo. Um índio fugido da aldeia.

4 comentários:

Anônimo disse...

Caro Yúdice,
Primeiramente quero dizer-lhe que, embora eu não seja boa na escrita, aprecio muito quem o faz com simplicidade e deixando ao menos uma mensagem para refletirmos. Isso foi o que encontrei em seu texto.

Não sou paraense de nascimento, mas ouso falar e até criticar o povo paraense por morar aqui há 19 anos e ter aprendido a conviver e até a suportar as mazelas de nossa Belém.

Lendo o seu texto sobre a obra do entroncamento, a única conclusão a que chego é que a culpa é toda nossa. Desde que aqui cheguei só ouço falar no mesmo grupo de políticos, sempre os mesmos no poder revezando-se no governo do Estado, Município, e dando um tempo no Senado, na Câmara dos Vereadores e Assembléia Legislativa. Tais obras “passam” de mão-em-mão e o que dá certo tem sempre diversos donos e o que dá errado foi culpa do antecessor.

Um grande abraço.
Fabiana Ribeiro.

Frederico Guerreiro disse...

Já marcaram novamente para o dia 12 de setembro a inauguração do Complexo Viário do Entrancamento.
Segundo o professor Nagib Charone Filho da UFPA, em artigo publicado em O Liberal com o tíutulo "Viaduto do Entroncamento. Inútil?", o projeto contemplou apenas uma das variáveis da vazão que é a velocidade, e ainda assim discutível em virtude do sinal que continuará em frente ao shopping. Ou seja: aumentou-se a velocidade sem no entanto aumentar a área para a vazão do tráfego.
Trocando em miúdos, em breve teremos o embróglio de volta ao "Entrancamento". Ou será Estrangulamento?
Pergunta-se: como fará a Velhinha de Taubaté para atravessar por aquelas passarelas? Alguns desconfiam que ela vai ver a passarela bem em cima dela, deitadinha no chão.

Yúdice Andrade disse...

Fabiana, obrigado pelas palavras. Você tem toda razão: o Pará é uma provincinha política, no pior sentido. Aqui há meia dúzia de caciques políticos de última qualidade mas de primeira voracidade. Alguns já são reis mortos e postos, graças a Deus, mas surgiu há poucos anos uma suposta liderancinha, que nada mais é do que pau mandado de peixes maiores. Valha-nos quem?
Fred, a alusão à velhinha de Taubaté me fez rir, porque gosto de humor negro, mas depois tremer, porque é muita crueldade!!

Anônimo disse...

Esperidiâo disse...
A bem da verdade, é bom que se diga quem é responsável por esse buraco, que acrescenta muito pouco para a entrada da cidade. Concordo: por que não se fez um viaduto decente,uma entrada digna para uma capital como Belém?
Um buraco que se arrasta por mais de cinco anos e o governo Federal não se digna a fazer a obra dentro do prazo, deixando toda a população a mercê de tantos transtornos.
É bom que se diga que o Edmilson era prefeito, tinha um projeto do estado para fazer um viaduto e, por pura birra, a PMB construiu uma praça "berere" da bíblia, hoje abandonada, ponto de desocupados e marginais.Resultado, o projeto foi inviabilizado e deu no que deu, como bem disseram os comentaristas.