Rapidamente, a seresta conquistou a cidade. Muita gente esperava por ela todo o mês e eu notava, nos entusiastas, a emoção com que diziam "Hoje é a última seresta do ano! Não posso perder!"
Digitei "Seresta do Carmo" no Google e encontrei vários sites falando do evento, que aparecia na programação cultural de Belém para conhecimento de pessoas pelo país afora. Qualquer pessoa que viesse a Belém podia, via internet, saber as datas da seresta o ano inteiro. Logo, o evento tinha grande visibilidade. E era uma delícia. Apesar do inevitável receio quanto à segurança, já que acontecia numa praça, o que nos deixava à mercê de malfeitores, a seresta era um acontecimento essencialmente tranquilo. Era bonito ver famílias inteiras, crianças e velhinhos seresteiros, aproveitando a música, as declamações de poemas, os varais de fotografias, dentre tantas outras atrações.
A par do lazer, a seresta se tornou um foco de atenção científica, também. Veja-se a nota abaixo, colhida do clipping da UFPA de 18.10.2002:
Estão abertas as inscrições para o curso Reconhecendo Belém, do Projeto Seresta do Carmo. Os temas são os aspectos culturais, arquitetônicos e ambientais de Belém. O curso será realizado de 21 a 24 de outubro no Colégio do Carmo. Incrições gratuitas. Informações: 242-5742, 242-0213 ou 242-5990.
Como se vê, além do caráter artístico e de lazer — o que já era muito —, em torno da seresta também surgiram outros eventos, de grande interesse histórico e social.
Tudo isso se perdeu, pelo histórico despeito dos maus políticos. Não importa que a ideia seja boa: se não é minha, acabo com ela. O bicho do mato matou, assim, boa parte da alegria da cidade laranja, cujas luzes não brilham mais.
Em tempo: o Diário do Pará publicou hoje, sob o título "O triste fim de um símbolo", mais uma perda de Belém, desta feita Central Hotel. Sem dúvida, uma lástima.
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