domingo, 30 de agosto de 2009

Manhã de 29 de agosto

Costumo passear pela cidade nas manhãs de sábado, por isso sei que as ruas ficam mais tranquilas, o tráfego da semana reduz-se drasticamente e mesmo o vai-e-vem de pedestres arrefece. Talvez induzido por essa crença, caí inadvertidamente num engarrafamento provocado pelas obras do portentoso Boulevard Shopping.
O trânsito foi interrompido com um quarteirão de antecedência, tanto pela Quintino Bocaiúva quanto pela Aristides Lobo, congestionando as estreitas ruas do bairro do Reduto. O interessante é que a obstrução do tráfego foi feita por quem? Se você disse CTBel, errou, é claro! A colocação dos cones foi feita pelos próprios operários da construtora. Ficou um em cada esquina, dando explicações aos motoristas que, eventualmente, as requisitassem. Todavia, sem informações, como todos estávamos, alguns tentavam prosseguir, mas não havia como. Não havia o menor sinal de CTBel em nenhum lugar por onde passei (exceto no convescote do prefeito).
Na primeira imagem, você vê um Clio (táxi branco logo a minha frente) manobrando, em espaço apertado. Ele tentara seguir em frente, mas desistiu e precisou voltar de ré, imprensado entre veículos estacionados e os demais em movimento. Ele voltou quando viu uma Sportage preta vindo na contramão (com algum esforço, você pode vê-la um pouco abaixo do centro da fotografia). Mais abaixo, à esquerda, o cone. O funcionário da empresa estava à direita, junto ao poste, mas no momento retratado ficou oculto pelo Clio.
Quem estava na Aristides Lobo, como eu, desviava pela Rui Barbosa. Trânsito lento, emperrado, ficando nervoso. A via oferece espaço suficiente para formar duas filas de veículos, sem prejuízo da faixa de estacionamento. Algo sensato, pois liberaria mais rapidamente quem fosse converter à direita. Mas se alguém tentasse fazer isso, dava de cara com este contêiner, cheio de entulho de obra.
Reconheço ser um avanço colocarem o entulho em recipientes adequados, exigência que a prefeitura estabeleceu há mais ou menos uma década. Antes, o lixo ia para a rua mesmo, no máximo dentro de uma improvisada caixa de madeira. Contudo, falta regulamentação ou, para variar, fiscalização. Não é possível que um mondrongo desses possa ficar no leito da rua, impunemente, emporcalhando a cidade e se tornando uma ameaça à segurança das pessoas.
Volume crescente de automóveis nas ruas e obras gigantescas: sinais tidos como indicadores de progresso. E como símbolo desse progresso, ofereço-lhes a visão das duas maiores torres da Amazônia, como se lê em imensas faixas pundonorosamente penduradas nos Village Sun e Moon (ô nomezinhos ridículos e bregas!!), vistos a sudoeste, dois palitinhos se erguendo ao céu, feiosinhos, mesmo com o revestimento externo já concluído (à esquerda).
As maiores torres da Amazônia não contribuem em absolutamente nada para a harmonia da paisagem de Belém. Mas contribuirão, e muito muito negativamente , para o trânsito, especialmente na Visconde de Souza Franco, que também estará afetada pelo Boulevard Shopping.
Aproveite as últimas manhãs tranquilas de sábado, naquela região.

6 comentários:

Francisco Rocha Junior disse...

Amigo,
Tiveste uma ideia apenas leve do que sofro, eu e todos os moradores/trabalhadores do Reduto, em dias de semana.
A construção desse shopping sacaneia com todos os que andam de carro pelo bairro. Mas o pior ainda está por vir, depois que ele abrir.
Até lá, espero estar longe daqui. O bairro é ótimo, mas não precisava deste mondrongo a perturbar a vida de todo mundo.

Yúdice Andrade disse...

Já enfrentei uns engarrafamentos bem ruins ali, no meio da semana. O grande problema é que essas obstruções da rua ocorrem sem aviso prévio, de acordo com as necessidades da obra. Assim, nunca sabemos quando a rua está aberta ou não e acabamos topando com o problema.
Para quem mora às imediações, escapar disso é impossível. Minha solidariedade.

Anônimo disse...

Na quarta da semana passada andei por lá e tomei um susto com a rua fechada. Como O trabalho que tinha incluia viajar com muita frequencia por ai me proporcionando olhar e comparar algumas coisas entre as cidades, fiquei tentando lembrar qual cidade conheci onde uma obra particular ou pública fechasse a rua. Posso ter olhado pouco ou até ser a idade a responsável, mas não lembrei de nem uma.
Parabéns pelo aniversário do blog e pela satisfação que expressas por mante-lo nestes 3 anos.
Maria Souza

Léo Nóvoa disse...

Será o final da tranquilidade do nosso Reduto professor, aproveitemos o que resta.

Abraçoss

Yúdice Andrade disse...

Maria, você não se lembrar de nenhuma cidade tão esculhambada quanto Belém provavelmente não tem relação com idade, cansaço ou coisas afins. É que aqui vemos tantos absurdos que, lucidamente, somos levados a acreditar que não é possível. E não deveria ser. Mas aqui é.

Boa sorte, Léo. Manda notícias sobre a vida no bairro, após a inauguração do novo shopping.

Mauricio Leal disse...

Boa Yudice, tenho usado o exemplo do Boulevard Shopping n disciplina direito urbanístico q leciono na FIBRA cm um exemplo d o qto a legislação urbanística é inexistente em nossa cidade. No ínicio das obras cheguei a publicar em um jornal local a indagação d o pq a PMB n realizou o Estudo de Impacto de Vizinhança previsto na Lei 10.257/01(Estatuto da Cidade) em seus arts.36 ao 38, qu preve que antes de licenciar o empreendimento deveria haver a avaliação de no minimo:
das seguintes questões:
I – adensamento populacional;
II – equipamentos urbanos e comunitários;
III – uso e ocupação do solo;
IV – valorização imobiliária;
V – geração de tráfego e demanda por transporte público;
VI – ventilação e iluminação;
VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
O atual plano diretor de Belem, aprovado em julho de 2008 preve este instrumento, mas até hj n foi regulamentado, o MP inclusive fez uma recomendação em fevereiro de 2009 ao Sr. Prefeito consoante o artigo 188 da Lei 8.655/08 para que, até a promulgação da lei que regulamente o EIV – Estudo de Impacto de Vizinhança, todos os empreendimentos que causem ou que possam causar impacto ao meio ambiente, à infra-estrutura básica, ao entorno ou à comunidade de forma geral, devem ser licenciados pela SEURB, após concessão de licença ambiental e cumprimento de condicionantes técnicas que considerem os efeitos dos empreendimentos sobre: adensamento populacional, equipamentos urbanos e comunitários; uso e ocupação do solo; valorização imobiliária; geração de tráfego; ventilação e iluminação; geração de ruído; paisagem urbana, patrimônio natural e cultural, assim como o processo de licenciamento deverá indicar medidas mitigadoras e/ou compensatórias dos impactos negativos decorrentes dos empreendimentos.
Até onde eu sei nada aconteceu. O fato é que teremos um empreendimento que gerará um grande incomodo não só por ser um grande polo gerador de trafego, mas sobretudo pela insensatez de subordinar o interesse da sociedade em ter uma cidade que se desenvolva em conformidade com as suas funçoes socioambientais em prol de interesses meramente mercantis, que nada contribuem para a melhoria da nossa qualidade de vida. Abs e parabens pelo post.
PS: posso usar as fotos deste post ?