sexta-feira, 25 de junho de 2010

Estudando para ser mãe

Tenho uma amiga que diz que eu estudei pra ser mãe. Bem, de certa forma é verdade. Eu li muita coisa sobre gravidez, mas antes de entrar no terceiro trimestre já estava lendo sobre os bebês fora do útero. Além do mais, minha irmã é fonoaudióloga e me deu muitas dicas sobre ouvido, desenvolvimento da fala, alimentação, amamentação (futuramente faço um post só sobre isso). Minha tia é pediatra, meu primo é fisioterapeuta, tenho uma amiga dermatologista e outros com outras especialidades. Estive cercada de pessoas competentes para tirar minhas dúvidas e fazer elucubrações sobre o bebê que chegava.
Mas nenhum deles me ajudou tanto quanto Tracy Hogg.

Li os dois livros acima e posso dizer que eles me ajudaram a acreditar que eu podia ser mãe. À medida que o fim da gravidez ia chegando, eu (perfeccionista que sou) ficava ansiosa diante da possibilidade de não saber o que fazer ou de causar algum dano (seja ele físico, psicológico, emocional, cognitivo) à minha filha.
Com o livro Os segredos de uma encantadora de bebês, apendi com Tracy que a rotina de um bebê pequeno é na verdade muito simples, se seguirmos o mesmo plano sempre. Ela me ensinou a criar uma sequência de acontecimentos cíclica para que o bebê sempre saiba o que esperar depois (a rotina EASY: Eat, Activity, Sleep, You ou seja, Comer, Brincar, Dormir, Tempo para você). O acrônimo é, obviamente, uma maneira rápida de memorizar a sequência e também passar a sensação de que é fácil. Bem, não é tão fácil quando ela diz, mas certamente é bem mais fácil do que ficar sem saber o que fazer quando o bebê chora enlouquecidamente. Devo dizer que nunca consegui identificar os choros da Juju como os que ela descreve no livro (sim, tem uma tabela com as caracterísitcas de cada tipo de choro), ou pelo menos não conseguia fazer isso conscientemente. Depois de um tempo, só sabia.
Aprendi a adaptar a rotina às necessidades dela, ao seu crescimento, a entender o que ela podia estar pensando e sentindo, e foi muito, muito bom. Tanto que até hoje dou o livro de presente para todas as minhas amigas que ficam grávidas.
Com o segundo livro, A encantadora de bebês resolve todos os seus problemas (problema pra mim foi comprar este livro com título absurdo, com a maior cara daqueles livros de auto-ajuda furrecas), aprendi a lidar com detalhes da vida de um bebê mais velho, como tirar fraldas, birra, terrores noturnos, comer sozinha, etc.
Duas coisas foram muito importantes: "comece do jeito que pretende continuar", uma frase que a Tracy usa muito para dizer que devemos acostumar a criança desde cedo com a rotina que pretendemos. Sabe aquele papo de que a criança é muito novinha para dormir sozinha, ah, vamos aconchegá-la no colo até ela dormir, depois ela aprende a dormir sozinha. Ou então a velha máxima de dormir junto com papai e mamãe na cama e depois querer que ela aprenda a dormir no berço sozinha. Ou ainda ensinar a criança que é muito bom adormecer enquanto mama ao seio da mãe para depois dizer a ela que tem que adormecer sem esse aconchego. Enfim, são várias as coisas que os pais fazem de um jeito porque o bebê "é muito novinho" e depois, quando ele pesa 15Kg (pesado demais pra carregar durante meia hora até adormecer) ou rola por cima da gente na cama ou morde o peito, decidem que é hora de mudar. Graças a esse conselho, a Juju aprendeu a adormecer no berço (antes com canções, hoje com histórias de ninar), a mamar acordada, a guardar os brinquedos, a dizer por favor e obrigada.
A outra coisa importante: "seu bebê é uma pessoa". Muita gente adora dizer que criança não tem querer, que não entende o que a gente diz. Tracy me fez ver que minha filha merecia meu respeito desde o dia 1. Desde o seu nascimento, converso com ela como se ela pudesse compreender tudo o que digo, falo sem tentar simplificar demais as frases, explico o que vai acontecer, mesmo que fosse só uma troca de fraldas, banho ou mamar (lembro que nos primeiros dias me sentia boba dizendo a ela "filha, agora a mamãe vai levantar suas perninhas pra colocar a fralda, e agora vou passar pomada..."). Eu passava o dia conversando com ela, explicava tudo com a maior paciência. Se o que vamos fazer era algo inegociável (dormir, comer, tomar banho), eu digo "é hora de dormir!". Mas se é algo maleável, sempre pergunto (e respeito) a opinião dela. Se a gente pergunta "quer tomar banho?" e a criança diz "não", então devemos respeitar a vontade dela e esperar mais um pouco até propor novamente. Senão, porque perguntou? Tracy me ensinou que quando perguntamos algo à criança e ela expressa a sua vontade, mas logo depois fazemos o contrário do que ela pediu, ela só aprende que sua vontade não vale de nada e se sente desrespeitada. O que é diferente de uma ordem, como "é hora do banho", em que ela precisa entender que não tem aquela escolha. Além de tudo, tentarmos ser sempre honestos com ela, sem mentir sobre se a vacina vai doer ou se vamos mesmo assistir àquele desenho depois do almoço. Graças a Tracy, a Júlia é uma criança que sabe receber uma ordem de parar de brincar para comer, tomar banho ou ir embora do parque. A Juju também sabe que pode perguntar o que quiser que responderemos, e sabe esperar pelo que prometemos, pois sabe que vamos cumprir. Acredito que ela é menos ansiosa por causa disso, mais obediente e tranquila.
Se você acha que tudo o que eu disse é bobagem, que a maneira de criar os filhos é a mesma desde seus pais, eu digo, acredite na ciência. Ela evolui para tudo. Criar os filhos hoje da exata maneira como fomos criados é repetir uma fórmula com trinta anos de defasagem, e jogar no lixo tudo o que se estudou de lá pra cá.
Até hoje continuo "estudando" para ser mãe. Assisto aos programas do tipo Supernanny, leio matérias sobre maternidade. E observo minha filha. Creio que estou fazendo o melhor que posso para torná-la uma criança tranquila e feliz. E agradeço muito a todas as pessoas que me deram conselhos, orientações (profissionais ou não), e a Tracy. Ser uma mãe curiosa é sempre melhor.

3 comentários:

Ana Miranda disse...

Eu sempre fui uma mãe meio maluca. Quando meu filho nasceu eu tinha 17anos e pouquíssimo juízo.
Lembro que meu marido, (17 anos mais velho) assinou para mim "Pais e Filhos".
Foi muito bom porque minhas amigas tinham a minha idade, eram solteiras e não sabiam nada de criança, tanto quanto eu.
Depois eu comprei o livro do doutor De Lamare.
Não sei até onde a revista e o livro me ajudaram, mas digo sem o menor constrangimento e sem falsa modéstia, que deu muito certo, pois meus filhos são jovens super equilibrados, (e têm uma mãe meio totalmente demais maluca)cultos, íntegros, conhecedores de seus limites e, principalmente, respitadores do espaço do outro.
Tenho o maior orgulho dos dois que nunca, pelo menos até a hora em que escrevo esse comentário, nos decepcionaram.
E credito o caráter deles à educação que tiveram.
Sério, acho que acertemos na educação dos dois.
Diálogo, carinho, amor, respeito. Isso é fundamental!!!

Mônica Queiroz disse...

Muito bom esse artigo!
Tenho muita vontade de ser mãe, acho que mais do que me formar e passar o dia inteiro trabalhando fora, chegar em casa cansada e estressada! aff....
Crio a minha sobrinha desde os 3 meses de idade dela, e logo no início, era só desespero, mas acho que quando tiver os meus filhos, vou tentar acertar mais,....agora uma perguntinha, onde vc comprou esses livros? foi na livraria da visão? da newstime?
P.S.: eu moro por aqui perto de Belém...

Polyana disse...

Ana, eu também li Pais e filhos, agora menos, mas sempr que vejo alguma coisa interessante na capa, compro. Hoje gosto mais da Crescer.

Mônica, obrigada pelo elogio, um dos livros eu ganhei e outro comprei na internet. Mas creio que nas duas livrarias que você menciona deve ter.