terça-feira, 1 de junho de 2010

Uma tragédia

Apaixonado por aviação e na condição de passageiro eventual, fiquei impressionado com a interpretação que peritos deram sobre as causas prováveis da queda do voo 447 da Air France, que hoje completa um ano.
A primeira parte da matéria provoca uma sensação de insegurança, já que nos mostra como, tecnicamente, em tese é fácil que uma aeronave caia. Na realidade, não é assim tão fácil por conta da confiabilidade da tecnologia empregada, mas vá dizer isso para alguém que sabe que basta obstruir um tubo de pitot e a desgraça pode acontecer! Nessas horas, a ignorância pode ser uma bênção.
Na segunda parte da matéria, podemos ficar um ponto aliviados de saber que, mesmo com falhas generalizadas, é possível aos pilotos retomar o controle da aeronave. E impressiona saber que os indícios apontam que os pilotos franceses fizeram de tudo para salvar o avião e, se a queda não fosse tão rápida, talvez tivessem conseguido.
É uma pena que tenha ocorrido e que tantas famílias lastimem, hoje, esse resgate coletivo.
Não tenho medo de voar. Pelo contrário, gosto muito. Admito que, hoje, fico um pouco desconfortável devido à presença da Júlia, temeroso de que algum mal aconteça a ela. Mesmo que ela não estivesse a bordo, receio pelo que poderia acontecer comigo ou com Polyana, deixando-a órfã. É o tal medo provocado pela paternidade, de que sempre me falaram. Mas é só uma sensação, que logo passa.
E o mundo continua girando, com pessoas levadas de um lado para outro graças aos aviões. A esmagadora maioria, como se sabe, não cai. Felizmente.

3 comentários:

Tanto disse...

Amigo,

Conheço um casal que, durante todos os anos de casamento, só pegavam aviões separados. Diziam que assim podiam ler e relaxar de forma mais tranqüila, mas também os motivava o fato de terem três filhos e, no casa de uma queda, não ficariam desamparados de todo. Pode parecer loucura, morbidez, mas não acho que estivessem errados.

Eu, mesmo com todos os dados sobre sua segurança, sempre tenho medo de avião, principalmente na decolagem e no pouso. Lá em cima, na estabilidade da velocidade de cruzeiro, geralmente não sinto medo. Mas basta uma pequena tremedeira para que eu fique completamente desesperado e nervoso.

Yúdice Andrade disse...

Já escutei histórias assim, Fernando. Pessoalmente, eu não faria isso. Se me parece provável a queda do avião - ainda que isso não seja mais do que uma especulação -, eu não embarcaria nem deixaria que minha esposa o fizesse. Muito menos minha filha. Não tem essa de tentar a sorte apenas em relação a quem vai morrer.
O medo frequentemente é um sentimento irracional, por isso devemos domá-lo, a fim de prosseguir. Não vamos parar de viajar, certo? Então é melhor conviver melhor com esse friozinho na barriga.

Ana Miranda disse...

Eu também nunca tive medo de voar. Lembro que logo após do 11 de setembro as passagens aéreas ficaram bem mais em conta e eu morava aí no Pará, então vim visitar meu filho à toa por causa de uma big promoção que aconteceu. Nem lembro dos valores, mas lembro-me que seria quase o que eu pagaria se fosse de ônibus.