sexta-feira, 18 de junho de 2010

Adeus, Saramago

Saramago em Madri, novembro de 2009, por ocasião do lançamento
de seu último (e polêmico) romance: "Caim"

E o meu escritor favorito se foi na manhã de hoje, 18 de junho, em sua casa na ilha de Lanzarote (Ilhas Canárias, Espanha), aos 87 anos (nasceu em 16.11.1922, em Azinhaga, norte de Lisboa, Portugal).
José Saramago morreu ateu e "comunista libertário", com uma enorme fama de turrão (algo desfeita em lágrimas por ocasião da versão cinematográfica de "Ensaio sobre a cegueira"), após uma profícua carreira literária e política, defendendo seus ideais e a Península Ibérica e disparando contra seus objetos de aversão, notadamente a religião, que retribuiu a gentileza: foi perseguido por católicos após o lançamento de "O evangelho segundo Jesus Cristo" (1991), o que contribuiu para trocar Portugal pela Espanha, e mais recentemente por causa de "Caim" (2009), que contém uma passagem na qual se refere a Deus como "filho da puta".
Foi mais do que um dos maiores nomes da literatura mundial. Foi um bom homem, também. Doi-me pensar que não teremos mais seus livros. Mas esse é o ciclo natural. Chegou a morte, assim mesmo, com letra minúscula. Porque da Morte verdadeira ninguém vai querer saber.

Leia De como o personagem foi mestre e o autor seu aprendiz.

7 comentários:

Ana Miranda disse...

Caro Yúdice, ele também é o escritor predileto do meu filho.
Confesso que nunca li nada dele, aqui em casa tem alguns livros dele e o preferido do meu filho é "Todos Os Nomes", acho que é esse o título do livro.
Ele insistiu para que eu o lesse e eu ainda não o li.
Meu filho entrevistou no ano passado, o cineasta português, Manoel de Oliveira, hoje com 101 anos, e o sonho dele era entrevistar o Saramago também...

Maíra disse...

Professor, amanheci triste essa manhã com essa noticia e vou pegar só um pouquinho emprestado seu espaço pra extravasar =). Como se já não bastasse as imbecilidades do mundo, sem o Saramago o mundo ficará mais patético. Estou muito triste em ver que um dos últimos comunistas que eu admirava, não está mais aqui nesse plano enquanto matéria.
Mas pessoas como ele se eternizam em idéias, palavras, pensamentos. Serei eternamente grata. Adeus Saramago.

Maíra Barros de Souza

Yúdice Andrade disse...

Suponho que o teu filho agora não pretende mais fazer tal entrevista...

Arthur Laércio Homci disse...

Meu caro,

De fato, ele se foi, mas as suas ideias, que sempre foram geniais, agora tornam-se imortais.

Yúdice Andrade disse...

Adorei o teu comentário, Maíra. E o ratifico na íntegra.

Apesar de ser meu autor favorito, Arthur, a verdade é que li poucos títulos dele. Foi um caso de amor à primeira vista. Por isso, resta-me o consolo de ter toda a sua obra para ler e me deleitar.

Arthur Laércio Homci disse...

Meu amigo,

Não deixe de ler As Intermitências da Morte. Fiz uma postagem no Constituindo falando da minha "relação amorosa" com Saramago.

Ainda quero ler muitos outros, e debater também!

Abraço!

Frederico Guerreiro disse...

Eu tenho grande empatia com o ateísmo dele.
Perdemos um ateu de peso. E o mundo ficou mais pobre nas ideias.