Inventora distribui camisinha antiestupro na África do Sul durante a Copa
Não é a primeira vez que ouço falar do assunto e continuo com a mesma opinião: camisinhas destinadas a inviabilizar o coito podem ser úteis para impedir o proveito sexual perseguido pelo agressor, mas elas não impedem a violência. Afinal, o sujeito só terá o pênis aprisionado na peça após penetrar a vagina da vítima. Vale dizer: o crime aconteceu. A violência aconteceu. O trauma aconteceu. Apenas se tem a sensação de que o crime não compensará.
Minha maior preocupação é que o agressor, frustrado pela inviabilização de seu propósito nefando, e acima de tudo sentindo a dor e a humilhação das lesões provocadas, tenderá a canalizar sua violência para uma agressão não sexual, porém violenta, podendo mesmo chegar ao homicídio. As consequências do uso desse invento podem não ser nada boas. A expectativa de efeito preventivo é, a meu ver, mera especulação. E nada impedirá que uma arma apontada para a cabeça convença a mulher a despojar-se do artefato.
Enfim, não me convence. A interminável luta contra o estupro só faz sentido na perspectiva de valorizar a mulher, na sociedade, em casa, em nossas relações pessoais.
3 comentários:
Que raio de camisinha "antiestupro" é essa?
Nunca ouvi falar...
Eu, hein?!
E pelo o que eu li aqui, é algo inútil.
Inútil e perigoso, Ana. Aliás, a própria castração química, que muita gente defende cheia de entusiasmo, poderia ser encarada de modo semelhante.
Só em se falar de estupro eu já fico nervosa. Acho que é a violência que eu mais temo, até mais do que o homicídio. Observo isso em grande parte das mulheres, na verdade, mas daí a andar o tempo todo com uma coisa dessas dentro de si, já é um pouco de exagero. Parece-me inútil também.
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