A casa da mãe Joana — Curiosidades nas origens das palavras, frases e marcas é um livro escrito por
Reinaldo Pimenta e publicado pela Editora Campus. Contém uma das coisas de que mais gosto, sobre o que já escrevi em textos
anteriores: a origem de vocábulos e expressões populares. Considerando o amplo debate que se estabeleceu devido à minha postagem anterior, resolvi desanuviar o clima e escrever um pouco sobre bobagens inúteis, porém divertidíssimas. Hesitei um pouco, afinal até deputado lê meu blog e preciso mostrar respeitabilidade, mas julguei que um momentinho de descontração não faria mal. Eis alguns excertos do livro, transcritos
ipsis litteris:
CUECA
-ECO(A) É UM ELEMENTO que veio do grego e significa domicílio, habitat, como em ecologia. Assim, cueca é o domicílio, a casa... de quê? Acertou, isso mesmo. Sim, outras coisas também lá habitam, mas cueca veio mesmo de cu + -eca.
Do mesmo — digamos assim — lugar, temos cueiro (o pano que envolve a criança da cintura para baixo), com a terminação -eiro, que significa lugar para guardar algo (como em açucareiro e tinteiro).
Também daí vieram (a) recuar, de re- (para trás) + cu + -ar; (b) acuar, de a- (direção) + cu + -ar; (c) culatra, do italiano culatta, a parte de trás da arma de fogo.
O DIABO A QUATRO
A EXPRESSÃO É DE ORIGEM FRANCESA (faire le diable à quatre) e provém de representações teatrais medievais, em que o diabo freqüentemente aparecia. Para diabrurinhas, lá vinha um ou dois diabos; para diabruras de porte, o autor da representação usava quatro diabos, que faziam um grande barulho e confusão. Daí o diabo a quatro significar coisas espantosas, grande confusão. Popularmente, a expressão ganhou uma variação grosseira: o caralho a quatro.
A EMENDA SAIU PIOR DO QUE O SONETO
UM JOVEM ASPIRANTE A POETA entregou um soneto de sua autoria ao grande poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), pedindo-lhe que marcasse com uma cruz cada erro encontrado. Bocage leu o poema e devolveu sem nada assinalar, dizendo que as cruzes seriam tantas que a emenda sairia pior que o soneto.
ENTRE A CRUZ E A CALDEIRINHA
FICAR ENTRE A CRUZ E A CALDEIRINHA é estar num dilema, numa situação muito difícil (...). A expressão é originária da Inquisição. O réu tinha duas opções: (a) converter-se ao catolicismo ou (b) morrer. A cruz representa a conversão. Já a caldeirinha tem duas explicações:
1ª) era a caldeira de água fervendo em que a vítima era enfiada quando escolhia a opção "b" (...).
2ª) Representava a encomendação de um cadáver no caixão: junto aos pés, o assistente do padre com a cruz erguida; junto à cabeça, o padre com a caldeirinha, que é o nome do pequeno recipiente para água benta.
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