Internada no dia 25 de outubro com insuficiência renal, a modelo Ana Carolina Reston Macan estava tão debilitada por causa de uma anorexia nervosa que sua pressão arterial despencou, ela passou a ter dificuldade de respirar e seu quadro geral evoluiu para uma infecção generalizada. Carol morreu ontem aos 21 anos, com cerca de 40 quilos, em 1,74 m de altura. Quando fez o book, seu quadril media 85 cm, mas isso foi na época em que ainda era "gordinha".
A insanidade da magreza, sobre a qual já escrevi antes, começou a chamar a atenção também pela sua capacidade de fazer vítimas fatais. O caso dessa modelo (para variar) é típico de uma doença social — a par das patologias propriamente ditas, com CID. As maluquinhas sempre acham que têm razões verdadeiramente relevantes para se anular como seres humanos; para, literalmente, sumir. Estão convencidas de que emagrecer cada vez mais é indispensável.
Pelo visto, ainda teremos muitas vítimas. E por mais cruel que seja dizer isso, talvez seja bom que morram mais umas tantas, pois argumentos médicos, apelos familiares e bom senso têm fracassado sistematicamente para curar as doentes. Então será preciso alguma coisa mais impactante para alertá-las.
Agora imaginem: se vivas já são esquálidas, cadavéricas, que dirá mortas. Uma lástima.
Atualizado em 15.11.2006, às 21h05
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4 comentários:
Yúdice,
Entendo que às vezes precisamos ser rígidos na hora de falar de problemas sérios como esse, mas gostaria de mostrar a situação de outro ângulo. Apesar de não ser uma CID, a anorexia, como outros desvios do gênero, tem no preconceito o agravamento do quadro do paciente.
Não são só modelos ou bailarinas "maluquinhas" que sofrem deste mal, são jovens inseguras, influenciadas pelo padrão de beleza estabelecido pela mídia e algumas vezes até com traumas de infância, que ajudam a desencadear o processo da doença. Tem outro ponto que deve ser pensado. No caso da compulsão alimentar que leva à obesidade (CID que desencadeia uma série de doenças também letais), como é mais comum, talvez seja mais aceita pela sociedade.
Ouvindo hoje o depoimento da mãe da modelo que morreu e com o pouco que conheço do assunto, percebo que a jovem anoréxica, faixa mais atingida, muitas vezes implora por ajuda mesmo quando briga para não comer.
Espero ter conseguido explicar claramente a minha opinião sobre o assunto.
Um abraço!
Luciane.
Vi a reportagem enquanto almoçava e fiquei sentido com o sofrimento daquela mãe. Na hora, pensei em como a irreflexão das pessoas causa sofrimento. Após ler teu comentário, porém, pisei no freio para atentar para outros ângulos.
Tu és dançarina, que é um "grupo de risco" desse tipo de problema, então imagino que o "maluquinhas" te atingiu de algum modo, por ti mesma ou por pessoas que amas. Peço desculpas se pareci preconceituoso. Tentarei ser mais abrangente em minha visão de mundo, antes de bater o martelo.
Eu mesmo nunca sofri especificamente algum preconceito, pelo que me lembro. Mas meu irmão sofreu, devido à obesidade. E a dor dele me atingia. Então imagino como seja difícil.
Aproveito para te sugerir uma leitura: o romance se chama Dicionário de nomes próprios, de Amélie Nothomb, publicado no Brasil pela Nova Fronteira. Admito que, no fim, odiei o livro, porque era uma idéia maravilhosa pessimamente acabada. O final do livro é estúpido, mas o de O mundo de Sofia também. Fazer o quê? Sugeri esse romance não pelo tema central, mas pelo fato de que a protagonista luta para ser uma grande bailarina e sofre com a anorexia a tal ponto que... Não vou estragar. É um livrinho que se lê em duas viagens de ônibus. Assim, se não gostares, ao menos não precisarás me odiar pela recomendação... Sugeri só porque tem a ver com o conteúdo do post.
O que é preciso é combater essa cultura disseminada pelo mundo sobre a beleza da magreza. O mundo da moda é muito responsável por isso, mas todos se fingem de inocentes. E a bárbarie continua.
Yúdice, ainda bem que me compreendeu. Apesar de um pouco agressivo seu texto foi direto e objetivo, não foi preconceituoso. Entendi o teor do seu texto e comentei porque achei necessário. Infelizmente muitas vezes precisamos das tragédias, como esta, para abrir os olhos e tomar atitudes.
Quanto a mim, parei de dançar em 2000, não sou mais bailarina (cai melhor do que o termo dançarina) e não tive problemas com anorexia enquanto dancei. A propósito, as bailarinas clássicas são as mais atingidas. Eu era contemporânea.
Bailarinos e modelos são grupos de risco, concordo, mas a anorexia atinge até crianças; é uma doença muito séria. Conheci uma mãe que chorava muito para tentar fazer a filha de 5 anos comer.
Parabéns pela coragem de tocar no assunto desta forma. É preciso ter estilo para isso.
Um grande abraço e obrigada pela indicação, vou tentar encontrar para ler.
Luciane.
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