sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Também é uma questão de saúde

Notícia publicada hoje no Repórter Diário:

Alegria do idoso
Idosos do Pará ficaram animados com a possibilidade de prefeituras daqui copiarem o programa de distribuição grátis de remédios contra a disfunção erétil, instituído pelo prefeito de Novo Santo Antonio (MT). Denominado de Pinto Alegre, o programa atende idosos com mais de 60 anos. Quatro comprimidos são entregues mensalmente para cada participante. Como a procura tem sido alta demais, a Prefeitura pensa em entregar os medicamentos diretamente às mulheres dos beneficiados, pois muitos, segundo elas, estão usando o remédio para “pular a cerca”.

As pessoas farão comentários maldosos, eu sei. A notícia correrá de boca em boca na cidade, hoje, fazendo-se acompanhar dos mais jocosos comentários. Mas é possível enfrentá-la com seriedade, a despeito do nome absurdo dado ao programa.
Comecemos pelo crucial: a sexualidade também é fator de saúde. Estão comprovados os benefícios trazidos pelo sexo à saúde física e mental, o que é suficiente para justificar gastos públicos com a distribuição desses medicamentos. Os néscios não perceberão, mas isso constitui, de fato, uma política de saúde pública. Afinal, é justo permitir às pessoas que busquem o seu bem estar pessoal e familiar. Garantir a autoestima individual é objetivo de qualquer programa de "melhor idade".
O que me angustia é a infinita capacidade do ser humano de, por egoísmo, atropelar os outros. Explico: quando lançaram o Viagra, homens sexualmente inativos voltaram a praticar sexo e, com a mentalidade de macho arraigada, entenderam que tinham tempo perdido a recuperar e, por isso, inúmeros casamentos destinados a só acabar por motivo de óbito foram interrompidos, para que os maridos pudessem cair na vida. A decantada tranquilidade da velhice foi substituída por abandono e solidão, para as mulheres, e por uma nova rodada de vícios, para os "homens".
O lado mais triste disso é pensar nos sujeitos que morreram por excesso de medicação e, pior dos piores, dos que se contaminaram até com AIDS e transmitiram a suas esposas. Se no casamento a defesa contra a AIDS já é mais difícil, imaginem numa fase da vida em que isso já soa a ficção científica.
A história se repete. Os matogrossenses ganharam uma chance e seu primeiro impulso é voltar à sacanagem. E às mulheres, o que resta? Mirar-se no exemplo das mulheres de Atenas?

Um comentário:

Anônimo disse...

Abaixo o Pinto Alegre...
Viva o Pinto Livre!