O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), deve anunciar na próxima segunda-feira a criação do maior mosaico de unidades de conservação do mundo.
Serão colocados sob proteção 16,5 milhões de hectares de floresta amazônica nas calhas norte e sul do rio Amazonas, um território quase do tamanho do Uruguai.
Desse total, 13,1 milhões de hectares ficam na calha norte. Somando-se as terras indígenas e outras áreas de proteção existentes, que vão até o Amapá, o mosaico consolidará a proteção de 27,2 milhões de hectares de mata - um "Tocantins".
Serão criadas três florestas estaduais (que admitem alguns usos econômicos, como extração de madeira), duas reservas biológicas, uma estação ecológica e um parque estadual. Estas últimas categorias são de proteção integral.
Conhecemos o discurso desenvolvimentista. Conhecemos a mentalidade dos exploradores dos recursos ambientais. O discurso é de desenvolver para o bem de todos, mas a verdade é uma só, que em Direito Ambiental chamados de internalização dos benefícios e externalização dos custos. Em bom português: nós ferramos o meio ambiente, ferramos as populações autóctones, ferramos o futuro, mas ganhamos dinheiro; eu e meus sócios. Por isso, a mata vira pasto, a pesca predatória dizima a capacidade de regeneração das espécies, etc. Mas isso não é coisa só de paraense ou só de brasileiro. Vejam os matogrossenses, que acabaram com suas florestas, trocadas por plantações de soja, e agora querem territórios paraenses para... plantar soja! E os americanos, que querem "preservar a Amazônia" após acabarem com suas próprias florestas?
De minha parte, parabenizo o governador pela iniciativa de preservar o patrimônio vegetal de nosso Estado. Mas gostaria de saber, realmente, qual foi a motivação. Desculpe, não acredito em Papai Noel.O Diário do Pará também noticia o fato, naturalmente fazendo as suas críticas, mas devo dizer que tais críticas me parecem pertinentes. O PSDB faz um governo de e para empresários, por isso sempre foram recebidas com grande insatisfação as notícias acerca da criação de áreas de conservação pelo governo federal. O argumento, tendenciosíssimo, era de que isso engessaria o desenvolvimento do Estado.
4 comentários:
espero que naum seja criada como foi o do parque do tumucumaque aqui no amapá. foi de cima pra baixo.
Yúdice,
Conhecedora de seu interesse pelo tema Políticas Culturais, indico a seguinte leitura para você e demais blogueiros deste espaço. Trata-se do blog do Prof. Dr. Fábio Castro, do curso de Comunicação Social da UFPA:
www.hupomnemata.blogspot.com.
Sugiro, em especial, a leitura das duas primeiras postagens:
"Os 10 pecados da política cultural do PSDB no Pará - Introdução" e "Primeiro Pecado: Elitismo".
Um abraço,
Luciane.
Caro Fabrício, num governo em que jamais houve participação popular no processo decisório, a criação da reserva não deve ter ocorrido de forma diferente. Os tucanos pensam que deliberações tecnicistas de gabinete são o supra sumo da democracia. Se os técnicos são deles, claro.
Luciane, já havia visitado o blog por ler um comentário teu no Flanar. Ou seja, de qualquer modo, cheguei até ele através de ti. Obrigado pela excelente indicação.
Acabei de ver, pelo jornal, que os motivos que levaram a Justiça Federal a conceder liminar impeditiva da criação das reservas florestais comentadas perpassa o modelo escolhido, antidemocrático, pois exlui as populações autóctones (era o que se podia esperar) e favorece a exploração ilegal de madeira (interesse de empresários, também se podia esperar).
Procurarei inteirar-me melhor dos fatos para comentá-los em novo post.
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