Em uma reportagem de mais de 11 minutos de duração — a que você pode assistir na página do programa —, o Fantástico de ontem prestou um serviço de utilidade pública à sociedade brasileira, ao exibir exemplos concretos das abordagens que pedófilos fazem, pela Internet. A matéria contou com produtores disfarçados, o que nos permitiu ver os diálogos travados na tela do computador e a conversa furadíssima quando acontecem os encontros.
Repugnante.
Mas o pior mesmo é pensar que, para muitos pais, essa não é uma preocupação constante, simplesmente porque não pararam para pensar na gravidade do assunto, ou porque o minimizaram, ou porque aplicaram a famosa teoria do isso-não-acontece-comigo.
Em que pese tudo quanto se diz em contrário, adolescentes são indivíduos em formação — intelectual, moral, social — e, por isso, em princípio são naturalmente vulneráveis à ação de pessoas maliciosas e crueis. Somem-se a isso características comuns a essa quadra da vida — necessidade de autoafirmação, questionamento da autoridade dos pais, ânsia de experimentar emoções inéditas, desejo de chamar a atenção por meio de condutas transgressoras, etc. —, está formado o caldeirão que pode redundar em muito sofrimento.
Não adianta apelar para a manjada e equivocada tese de que os jovens de hoje estão mais informados e espertos. Isso não é verdade. Já falei sobre isto aqui no blog. Hoje em dia despeja-se sobre nós um volume tão grande de informações que não há tempo nem substrato para processá-las e entender o que realmente significam. Insisto: informação não é conhecimento. E conhecimento não é sabedoria. Se o excesso de informações ajudasse mesmo, as estatísticas sobre pedofilia não seriam crescentes.
Por isso, é essencial que, em vez de fatos soltos, denuncismo e estardalhaço, a grande imprensa se ocupe de matérias didáticas, realistas e serenas, além de orientadas por especialistas, assim como me parece que esta foi.
Para quem é pai, como eu, meu Deus!... É de perder o sono...
2 comentários:
Yúdice, por acaso você já asssitiu "Menina Má.Com"?
Excelente filme.
Há uma fala da personagem principal, que tem 14 anos, em que ela diz mais ou menos assim: "Não é porque uma garota age como uma mulher adulta que ela pode ser tratada como uma."
E é por aí mesmo, meninas com 13, 14 anos, andam vestidas e comportam-se como adultas, mas não têm maturidade. (e olha que eu casei-me aos 15 anos)
Acho uma crueldade máxima quem se utiliza da inocência de uma criança.
Até que ponto isso é doença??? Até que ponto isso é falta de pudor???
Conheço o filme, Ana, mas não o vi. A frase mencionada é muito lúcida, ainda mais tendo sido proferida por uma adolescente. Os adolescentes, de regra, querem justamente convencer a todos de que já são adultos o suficiente para fazer tudo. Ou pelo menos tudo que não envolva responsabilidades.
Quanto à pergunta, "doença" não significa incapacidade de entender o que se faz. É uma doença do caráter, totalmente passível de punição.
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