sábado, 27 de março de 2010

Cinquentenário do poeta

Renato Manfredini Júnior

27.3.1960 - 11.10.1996


Todos nós sempre precisamos de um pouco de atenção.

Todos nós temos, em alguma medida, essa necessidade de provar para todo mundo que não precisamos provar nada para ninguém.

E, enfim, todos queremos ser felizes, ao menos.

Por tudo isso Renato Russo, que hoje teria completado 50 anos de idade, foi o maior compositor da música brasileira em sua geração. E como uma geração é um intervalo de 25 anos, também da minha. Por isso, adoradores de Chico Buarque, não me queiram mal. Mas as palavras que saíram de seu coração e de sua pena nunca foram sequer igualadas. Como lamento aquelas que nunca chegaram a ser ditas!

Precedentes: "Os bons morrem antes", caso do próprio Renato; "Mais uma vez"; "Renato Russo".

8 comentários:

Ana Miranda disse...

Sou fã ardorosa dos dois.
Do Renato Russo , tenho todos os cds, do Chico, tenho os quatro livros que ele escreveu, mas não tenho todos os seus cds.
Acho que são dois estilos diferentes, mas se tivesse que escolher um como compositor, ficaria com o Chico, como cantor, ficaria com o Renato Russo.
Mas como não preciso escolher nada, fico com os dois por igual!!!

Bruno disse...

Yúdice,

Apareço aqui depois de um tempo, mas desta vez para concordar totalmente.

Fazer parte desta geração que creceu ouvindo Renato me torna completamente parcial, é claro.

Chico Buarque é sim um gênio, cuja inspiração foi fortemente influenciada pelo momento político que vivenciou.

Já o renato, buscou inspiração na alma e seus males.

Abraços
Bruno

Laila disse...

As vezes eu tinha impressão que o Renato escreveu pra mim mesmo antes sequer de eu ter nascido.
Nunca ninguem soube expressar tão bem os sentimentos humanos!

Yúdice Andrade disse...

Pessoas de diferentes locais e idades concordando com a mesma ideia. Isso prova ou não que Renato era o cara?

Artur Dias disse...

Um exame mais atento das letras do Renato Russo esfriam rapidamente o ímpeto de classificá-lo como "gênio". Pelo menos eu, já no fim dos anos 80, não entendia como o Renato Russo podia criar tanta rima pobre, tropeçar tanto no português e não ser criticado por isso. Dentro de sua moldura de classe média sim, ele tem méritos, ao fazer leituras dos conflitos familiares e expressar as angústias juvenis, mas nada além disso. É só comparar com o Cazuza: ele tinha plena consciência da sua condição de pequeno-burguês, e isto sim, era motivo dos maiores sarros. Acho que o Cazuza só deu uma escorregadela quando achou de cantar Bossa-Nova, o que, felizmente, não durou.

Yúdice Andrade disse...

Caríssimo Artur, no exercício do mais lídimo contraditório, permite que eu te diga que a tua crítica se baseia mais na forma do que no conteúdo. Tu criticas o Renato porque ele "tropeçava no português" e usava rimas pobres. Mas quem disse que isso suprimia a sua genialidade?
O cara era filho do punk rock. O que se podia esperar dele? Composições parnasianas? Ao contrário. Ele mesmo disse:

Eu falo em português errado
Acho que o imperfeito
Não participa do passado
Troco as pessoas
Troco os pronomes


Não acho que era uma desculpa esfarrapada para justificar as próprias limitações. Renato era um sujeito culto, do tipo que lia clássicos. Mas pertenceu a um tempo em que a ordem era protestar e desconstruir. Daí porque o português algo titubeante e as rimas pobres que, por sinal, são um recurso estilístico bastante comum a partir do Modernismo.
Eu te proponho uma outra leitura: que tal procurar o lirismo, a profundidade emocional e as imagens poéticas valiosas que ele construiu?
Um exemplo de cada:

Lirismo
Não sou escravo de ninguém
Ninguém é senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz


Profundidade emocional
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?

Detalhe: o "aonde" está mal empregado.

Imagens poéticas
Será que você vai saber
O quanto penso em você com o meu coração?


Se não bastasse tudo isso, devemos lembrar os constantes apelos do poeta a que fizéssemos alguma coisa por nossos sentimentos, por nossas vidas, para que pudéssemos ser mais felizes. Isso não é digno de valor?

Luciane Fiuza disse...

Linda homenagem, amigo, Levarei par o Lu porque me identifiquei totalemnet com suas palavras. Me sinto orfã dele até hoje, que dor...
Abs!
Lu.
PS: Yúdice, comentei em um posta anterior sobre violência contar crianças,. mas não acho o link. Vc chegou a responder? Te pedia uma luz e relatava o problema de uma amiga e de sua filha de nove anos.

Luciane Fiuza disse...

Yúdice, antes d emais nada, perdão pelos erros de grafia do comentário anterior, estava numa correria aqui e esqueci de conferir.

Olha, achei interessante essa análise sobre o "Metal contra as nuvens". Vale olhar os comentários e as interpretações diversas sobre a música:

http://esquinadelirante.blogspot.com/2009/07/metal-contra-as-nuvens-interpretacao.html

Abs!

Lu.