Não é nada difícil me deixar nostálgico. Meu espírito sempre foi dado àquelas tristezas totalizantes que caracterizavam os poetas românticos, com a diferença de que nunca tive talento para transformar lágrima em canção, como diria Zeca Baleiro. Mas ando algo estranho. Na semana passada, quando escrevi a postagem sobre o falecimento de João Lucas, dei-me conta de que já é a quinta vez, nos pouco mais de três anos de existência do Arbítrio, que comunico o passamento de alguém mais ou menos próximo.
Primeiro foi a Alana, a minha querida professorinha, em 29.3.2007. Menos de um mês depois, em 22 de abril, o Wady e sua juventude. Mais três meses e Eduardo Lauande foi vitimado pela violência urbana. Ano complicado... Mais recentemente, já agora em 2009, vimos partir Juvêncio de Arruda (postagens em dois blogs no dia 13 de julho). E agora o João Lucas.
Após um agradável final de semana em família, esta manhã fiquei sozinho pela primeira vez e, com isso, lancei-me aos meus devaneios. No carro, um CD do Legião Urbana, que de repente começou os acordes da canção Love in the afternoon. Inevitável me sentir tomado pela beleza dos versos dedicados a alguém que partiu:
É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais.
Quando eu lhe dizia
"Me apaixono todo dia
E é sempre a pessoa errada."
Você sorriu e disse:
"Eu gosto de você também."
Só que você foi embora cedo demais
Eu continuo aqui
Com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Um dia de chuva, um dia de sol
E o que sinto não sei dizer.
Vai com os anjos!
Vai em paz.
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez.
É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais
E cedo demais
Eu aprendi a ter tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu, que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer.
Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre mas eu sei
Que você está bem agora
Só que este ano
O verão acabou
Cedo demais.
Todo mundo já se despediu de alguém importante, certo? E sempre fica a sensação de que o tempo não foi o bastante. E nunca é, mesmo. Jamais seria. Então cultivemos a saudade, o bom sentimento de saudade.
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