"Não sabemos quanto custou a liminar que autorizou o funcionamento dos supermercados, mas sabemos que ela custou muito caro."
Frase atribuída a sindicalistas da União Geral dos Trabalhadores, em manifestação pública ontem à tarde. Segundo o jornalista Guilherme Augusto, em sua coluna de hoje, ao fazer tal afirmação, eles "alvejaram também o Tribunal de Justiça do Pará".
O nobre jornalista escorregou feio. A Justiça ofendida pelos sindicalistas foi a do Trabalho, que é o órgão especializado para tratar das relações entre empregados e empregadores, como o próprio nome já indica. E o TRT da 8ª Região não costuma deixar passar esse tipo de coisa. Eu mesmo, como advogado, já defendi um sindicalista denunciado justamente por acusar a Justiça Obreira de vender decisões. Numa comemoração sei lá do quê, o sujeito bebeu mais do que devia, pegou um microfone e falou besteira. Não sabia que estava sendo filmado e o tal filme acabou em poder da presidência do TRT. Resultado: tornou-se réu perante a Justiça Federal.
Diante das provas materiais indiscutíveis, recomendei ao meu constituinte que admitisse a falta e aceitasse a proposta de transação penal, para evitar uma condenação. Ele concordou. Foi a melhor coisa que fez. E tenho certeza de que aprendeu a sua lição. Mas os tempos eram outros e não sei, honestamente, se os atuais sindicalistas ainda veem alguma nobreza em admitir os próprios erros.
PS — O Desembargador do Trabalho José Maria Quadros de Alencar informa, na caixinha de comentários desta postagem, que o TRT já está ciente do caso, o qual "terá desdobramentos".
5 comentários:
Caro Yúdice,
Também não sei se o sindicalista vai ter a ombridade de admitir que falou demais, só o que posso assegurar a todos os leitores do blog é que a liminar foi deferida dentro da legalidade, sem nenhuma mala preta. Até porque defendo os interesses do Grupo Líder nesse processo e dentre todos os nossos defeitos, o da desonestidade não faz parte. Grande abraço,
Bruno Brasil.
Meu amigo, com satisfação publico o teu comentário. Afinal, uma imputação dessas é maior do que se pensa. Ela atinge não apenas o Judiciário, mas os empresários do setor supermercadista e, naturalmente, os seus advogados. E é preciso acabar com essa mania de menosprezar a honra alheia.
Desconheço as práticas do Grupo Líder, mas vejo que ele está muito bem representado juridicamente e o amigo sem dúvida orienta o cliente a agir da maneira mais correta possível. Grande abraço.
Meu caro Yúdice.
Realmente, o Tribunal não deixa passar em brancas nuvens esse tipo de transgressão.
Eu soube do fato durante uma audiência que concedia ao Presidente da Federação dos Trabalhadores no Comércio - e da Imprensa Oficial do Estado - José Francisco e a seu advogado Mauro Rios. Comuniquei-lhe o ocorrido e pedi providências. Ele telefonou para o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Supermercados (Caetano) e pediu-lhe cuidados. José Francisco e Caetano foram juízes classistas.
O episódio terá desdobramentos.
Yúdice, que bom que haja repercussão neste caso. Vamos ver no que vai dar... acho que em nada, pois "frase atribuída a sindicalistas" é incerta. Deve rolar um "não disse isso", "foi um mal entendido".
Por outro lado, se se chegar ao mentor da frase, que seja, mesmo, tomado alguma providência. Ou...
Ou, se o mentor provar que está com razão, que se vá até o fim... (com relação ao Alencar boto toda minha mão, cabeça, no fogo, sem medo).
Mas, também por outro lado, vai que o Guilherme Augusto nem feio e nem errou?
Mas vamos aguardar.
Ah, e tem mais. Seria interessante que o Líder e demais empresas atacadas fossem à justiça, processar o autor da frase (se é que vai ter um), por danos morais. Sei, profissionalmente, que esta atitude do empresário, de um modo geral, é difícil, mas que dá vontade de fazer quando se escuta alguns sindicalistas falando bobagem, ah isto dá!
Postar um comentário