segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Com calma e com jeito

Já tinha lido alguma coisa a respeito, mas ontem constatei pessoalmente que, aos poucos, os veículos de imprensa atingidos pela proibição de publicar imagens de cadáveres o que só pode agradar a pessoas doentes vão desobedecendo à ordem judicial, sem alarde. No caderno de polícia do Diário do Pará, p. ex., havia fotos de dois mortos diferentes, bastante nítidas, para deixar bem claro que não se tratava de coincidência ou mero deslize. Hoje, uma notícia sobre tentativa de linchamento no Distrito Industrial de Ananindeua estava ilustrada com a imagem do assaltante caído no chão, inconsciente e ensanguentado, após ser violentamente surrado e ter pedras atiradas contra a cabeça.
É a conjugação da safadeza com a omissão. Você espera que a poeira baixe e, quando o burburinho em torno da polêmica decisão judicial acabou (o papo furado da liberdade de imprensa versus a dignidade da pessoa humana), você simplesmente volta a publicar o material proibido. Não todo dia, não na capa, não as imagens mais chocantes. Mas volta. Porque acredita na impunidade, já que o Ministério Público autor da ação e o Judiciário provavelmente nada farão. Medidas moralizadoras, no Brasil, acontecem com estardalhaço, mas não têm continuidade.
O fato é: até o momento, ninguém fez nada, efetivamente, contra a malinagem da imprensa do diabo.

Acréscimo em 17.11.2009:
A afirmação do último parágrafo não pode mais ser feita, considerando a informação prestada pelo Francisco (na caixa de comentários) e a movimentação processual informada por Franssinete Florenzano.

5 comentários:

Francisco Rocha Junior disse...

Yúdice, a PGE pediu e o juiz Marco Antônio Castelo Branco deferiu o aumento da multa (de R$ 5.000,00 para R$ 20.000,00) e nova intimação dos jornais para deixar de divulgar as imagens de que falas.
Vamos ver se agora eles levam a sério.

Yúdice Andrade disse...

Ótima informação, Francisco. Valeu.

Frederico Guerreiro disse...

Vão levar a sério quando, de fato, acertarem o caixa da empresa. Eis a função pedagógica da pena pecuniária.

Anônimo disse...

As atitudes só são tomadas de imediato, se o assunto falar das falcatruas de político safado. Vide Estadão censurado por causa do argh, eu tenho ojeriza só de pensar no nome. Vcs sabem por culpa de quem o estadão está censurado.
Ana Miranda

Yúdice Andrade disse...

O problema, Fred, é que para isso também existem recursos e má vontade...

E o prejudicado seja o político safado, Ana. Do contrário, aí mesmo é que a coisa não anda.