quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Adeus a João Lucas

De 24 de fevereiro a 1º de março de 2008, publiquei uma série de cinco postagens contando o suspeitíssimo caso do atropelamento de João Lucas, colhido por uma viatura da Polícia Militar, em circunstâncias que redundaram numa investigação perante a corregedoria respectiva que, até onde sei, não deu em nada.

João Lucas aqui em foto surrupiada do blog Tribuna do Davi, que lhe prestou a sua homenagem se recuperou, porém tempos mais tarde começou a apresentar sinais de que algo não ia bem. Suspeitou-se, inclusive, de sequelas do dito atropelamento. Exames mais específicos, contudo, revelaram que se tratava mesmo de um câncer linfático, contra o qual o ator, poeta e acadêmico de Direito lutou, melhorando e piorando, saindo e voltando ao hospital, até o torvelinho se encerrar, no começo da manhã de ontem.

Seu sepultamento está ocorrendo agora. Sem dúvida que muitos amigos estarão presentes.

Faz alguns meses que vi João Lucas pela última vez, na pele de Manduca, o protagonista da peça "O uirapuru", da Cia. Teatral Nós Outros (espetáculo que, por sinal, foi reexibido no último final de semana, com outro elenco). O bom é que a imagem que me ficará dele é a terna visão de sua interpretação delicada e viva.

Vai com Deus, garoto. Olha por nós.

Histórico:

8 comentários:

Tanto disse...

Amigo. Tive conhecimento do caso, apesar de não ter acompanhado. Pena que tenha chegado ao fim tão cedo.

Yúdice Andrade disse...

Tomara que a família fique bem, meu caro.

Luiza Montenegro Duarte disse...

No dia da morte de João Lucas, li uma matéria em uma publicação espírita sobre mortes prematuras. Naquela noite, ainda não sabia de seu falecimento, o que só foi ocorrer na manhã seguinte, lendo o jornal, onde me atraiu a atenção um aviso fúnebre colocado pelo Instituto de Ciências Jurídicas da UFPA.

A dita reportagem era um alento para os que perdem os seus muito jovens. Pelos ensinamentos espíritas, ser levado cedo deste mundo de espiações e provas é, na verdade, uma coisa boa. Normalmente os jovens se vão sem ter passado por grandes decepções, dificuldades, sofrimento. Vão conhecendo a vida alegre e cheia de sonhos da infância e da juventude. Significa que já tinham pouco a aprender, ou muito a ensinar aos pais, a família.

Não sabia do histórico de João Lucas, ainda não acompanhava o blog na época do atropelamento, não sabia do câncer e nem sabia de sua atuação nos palcos. Na verdade, só o que sabia era que, como eu, ele se aventurava pelos debates na comunidade de Direito da UFPA, no Orkut, o que acabou nos rendendo uma amizade virtual.

Parece-me que a morte prematura premiada com uma vida sem sofrimento não foi bem o caso dele, que teve que lutar pela vida em duas ocasiões. Sem dúvida coisas para as quais estava preparado, haja vista não ter perdido a alegria de viver, o amor pelo teatro, pelo Direito. Foi maior que tudo isso e agora está em um mundo maior e melhor do que este. O certo é que todos vamos, mas a maioria vai sem toda a sabedoria conquistada por João Lucas.

Que ele viva em paz, no lugar onde a vida é eterna.

Yúdice Andrade disse...

Muito bonita a tua manifestação, Luiza. Sou espírita, por isso me identifico com as ideias que manifestas. Estamos, mais uma vez, irmanados.

Anônimo disse...

Oi Yúdice,
Após uma longa temporada fora... da internet, da Fábrica Esperança, do mundo exterior e em algumas ocasiões de mim mesma retorno a este mundo já recuperada de meus "demônios internos" e porque não dizer também dos "externos"?
Pronta para reiniciar minhas batalhas eis que me deparo com a notícia da "passagem" de Lucas.
O conheci como estagiário da SDDH e por pouquíssimo tempo...infelizmente!!!No entanto sou conhecida de sua família e da genitora, que foi uma guerreira, ao enfrentar este período com seu filho. Confesso que lamentei muito a perda para este mundo de uma pessoa que já demonstrava ser um espírito iluminado e me vi pensando na crueldade de uma mãe ou pai vir a enterrar seu filho querido, além de me revoltar pelo fato de que pessoas que nem deveriam passar pela TERRA ainda continuarem aqui fazendo M... e muito mal para milhões de pessoas.
Lucas tinha tudo para se rebelar e se diferenciar do que hoje costumeiramente vemos por ai, mas seu exemplo vive entre aqueles que ele conseguiu cativar. Eis meu desabafo!
Com profundo sentimento de tristeza, despeço-me esperando retornar logo, logo, menos pessimista.
bjs,
Anna Lins

Hudson Andrade disse...

Mano querido,

estou aqui na casa do Lucas, no computador dele, junto com nossos amigos queridos, esse povo estranho do teatro, gente doida, graças a Deus (e a Dioniso! - isso mesmo, sem o "i") e acabei de ler o teu comentário. Muito obrigado! É por isso que eu te amo.
O Lucas vai ficar muito satisfeito assim que ele estiver em condições de ler isso e vai gostar de saber sobre o Manduca, que foi tanto difícil pra ele construir. Talvez por isso ele tenha ficado tão bom!
Agradeço em nome dele, da Nós Outros, da Jaqueline e de todo mundo que, com tantas dificuldades, insiste em estar vivo. O que verdadeiramente ESTAR VIVO!!!

Beijos!

David Carneiro disse...

Caro Yúdice,

Obrigado pelo post. O João foi um grande amigo e companheiro. Lembraremos sempre com muito carinho dele. Afinal, como já diria um poeta: "que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta?". A chama do João subiu bem alto, no teatro, na militância, na academia e principalmente em sua atitude perante a vida. Ele quis viver até o último segundo. E viveu. Sentiremos saudades.

Yúdice Andrade disse...

Folgo em saber que estás de volta, Anna. Todos precisamos de um tempo, vez em quando. Mas aprecio o teu retorno, sobretudo porque sempre me deixas uma boa contribuição, inclusive agora, ao destacar um dos lados do Lucas. Abraço.

Mano, olhei no teu blog, mas ainda não havia nada de tua lavra sobre o Lucas. Imagino que ainda virá, no tempo oportuno. Poderás então falar sobre o difícil processo de construção do personagem, que deu tão certo. Ficamos no aguardo.

David, ele nos deixou um grande exemplo, sem dúvida. Não à toa tantas pessoas estão em redor da família, sentindo saudade.