quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Twitterítica VII

Esqueça. Não existem herois.
Só a minha filha não deve saber disso (ao menos por enquanto).

9 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo e admirado Yúdice, sinto muitíssimo, mas vou discordar de vc, dessa vez.
Nosso país é cheio de heróis!!! Pessoas que ganham um salário mínimo, têm 4, 5, filhos, onde moram em cubículos de um único cômodo (onde eu não entendo como eles continuam fazendo filhos)casal, filhos e às vezes, pais e mães do casal. E essas mesmas pessoas passam duas horas pela manhã no trânsito para chegar ao trabalho e mais duas horas à noite para voltar para casa e nem por isso roubam, ou usam drogas com a desculpa de que é para disfarçar a fome e não se corrompem.
Para mim, esses seres tão desamparados, mas que continuam na luta para pelo menos colocar feijão com farinha no prato de plástico dos seus filhos, são verdadeiros heróis!!!
Às vezes, acho que até eu sou heroína (não a droga, aff...)pois, sou uma revoltada com a corrupção que assola esse país, mas ainda assim consigo resguardar meus valores.
Ana Miranda

Liandro Faro disse...

Yudice,

Porque da revolta?

Anônimo disse...

Gasto duas horas para ir mais duas horas para voltar do trabalho (ou mais), não roubo, não uso drogas e adoro comer feijão com farinha em prato de plástico (sentado no chão, de preferência). Mesmo assim não me considero um herói, ou meio-herói.

Só pra descontrair :)

Alexandre

Yúdice Andrade disse...

Querida Ana, sem problemas com discordâncias. Ainda mais porque também discordo de ti. Valorizo extremamente o trabalho, o esforço, a honestidade, etc. Mas não creio que isso faça de ninguém um heroi. Ao menos, não no sentido próprio da palavra. No máximo, um sobrevivente, mas mesmo esta palavra já é excessivamente dramática.
Conheço pessoas que expressam tudo isso que demonstraste. Minha mãe, p. ex. E ela adoraria ser reconhecida como uma heroína. Mas eu a tenho por uma mulher e mãe extraordinária, só que humana, cheia de defeitos, como todo mundo. Apesar de toda a sua solidariedade com os indivíduos a sua volta.
Lutar com honestidade pela sobrevivência é meritório. Mas heroismo é outra coisa, porque envolve escolhas livres. E sobreviver com tostões não é exatamente uma opção.

Liandro, revolta nenhuma. É apenas uma simples constatação. Apareceu aqui devido a pensamentos que me ocorreram esta manhã.

Alexandre, eu não me vejo nem como o cachorro do heroi...

Liandro Faro disse...

Prezado Yudice,

Mas até os heróis, aqueles que figuram na revistinhas em quadrinho; aqueles que foram feitos desde os idos tempos de 2ª Guerra Mundial; aqueles que já ingressaram recentemente na mídia; enfim, todos os heróis, no sentido próprio da palavra, possuem dúvidas atrozes sobre a vida, o desejo, o amor, a liberdade e são portadores de defeitos.

Eles também, a mais das vezes, não fazem escolhas totalmente livres!

Estes heróis possuem poderes extraordinários... Mas existem tantas pessoas "na vida" que tem possuem "poderes" fora do padrão.

Apenas pelo amor ao debate (frase usado pelos advogados - rsrsr), gostaria de entender o seu posicionamento.

De quais heróis você fala?

Tanto disse...

Querido! Acho que a frase é outra:
Herois existem, mas não em tempo integral.

Anônimo disse...

Não sei, acho que só heróis conseguem viver com um salário mínimo...
Ana Miranda

Luiza Montenegro Duarte disse...

Acho que heróis existem, sim, mas obviamente não como nos quadrinhos (ou no cinema, já que agora todos os quadrinhos viram filmes). Para mim, são pessoas que, em situações totalmente adversas, tendo elas sido colocadas ali voluntária ou involuntáriamente, tem uma conduta permeada pela bravura, que surpreende a todos (e que poucos teriam). Dois exemplos:

1) Os rapazes que salvaram uma mulher de um carro que estava sendo levado pela correnteza, em uma enchente, há cerca de dois meses. Eles quase foram levados junto, mas não soltaram as cordas de jeito nenhum. Não a conheciam, eram apenas o frentista do posto de gasolina próximo e alguém que passava na rua. (voluntária).

2) José Alencar, que não se cansa de demonstrar sua disposição, fé e luta e nunca reclamou de uma dorzinha que seja, além de fazer de tudo pra levar uma vida normal (involuntária).

Enfim, não se decepcione tanto professor!

Beijos.

Yúdice Andrade disse...

É verdade, Liandro, mas nesse caso você se refere a herois da ficção, mesmo. Nada que possa oferecer um termo de comparação.

Como disse antes, Ana, chamo a isso de necessidade, não de heroísmo.

Fernando e Luiza, em relação ao primeiro exemplo dado no último comentário, corresponde exatamente ao que encaro como ato de heroismo: escolha, renúncia, sacrifício, abnegação. Atos valiosos, cometidos por pessoas comuns, por pura bondade.
No caso de Alencar, não sei se isso seria heroismo, mas sem dúvida ele é um dos brasileiros que mais admiro, pelos motivos ali expostos.
E como as pessoas comuns não passam a vida salvando os outros, o heroismo, de fato, não ocorre em tempo integral.