E a previsão se confirmou: o Boulevard Shopping Belém ficou lotado assim que abriu as suas portas. Havia gente esperando para conhecer o novo templo de consumo da cidade. Havia quem dissesse que não seria assim, porque os belenenses já se acostumaram a ter shoppings, mas a maioria apostava na confusão da novidade. Acertou a maioria.
Remontemos ao ano de 1993: dois shoppings em construção na cidade (ou não exatamente, porque dizem as más línguas que o Castanheira estava em Ananindeua, mas uma posterior revisão nos limites entre os dois Municípios teria empurrado a fronteira um pouco, assegurando que o grande pagador de impostos ficasse na capital). O então Iguatemi, hoje Pátio, acelerou as obras de seu complexo mal ajambrado (um terreno irregular, que obrigou os arquitetos a projetar um prédio todo cheio de recortes, o que hoje está suavizado pela ampliação para áreas adquiridas posteriormente) e inaugurou um mês antes do rival. Queria ser o primeiro da cidade e foi. Mas isso lhe custou a gana de um povo que jamais vira um shopping center, acabando em reportagens de âmbito nacional que me mataram de vergonha: confusão, vitrines depredadas e saques na inauguração do primeiro shopping de Belém...
Na inauguração do Castanheira não houve o mesmo problema, mas ele sofreu desde o primeiro instante, e até hoje, a pecha de shopping de pobre, por causa de sua localização.
E agora chegamos ao Boulevard, que vem para atender às classes mais abastadas da cidade, cansadas de esbarrar em suburbanos e favelados quando saem às compras. Continuarão esbarrando, contudo. Eles já estavam lá antes mesmo da abertura das portas. Como disse um amigo, cuja esposa fora a trabalho ver o empreendimento em seu primeiro dia e constatara o tamanho da confusão, Belém não oferece lazer a seus filhos. Principalmente aos que dependem de lazer barato ou gratuito. Não dizem que shopping é a praia dos paulistas? Eu acho que é a praia dos desesperados por lazer.
9 comentários:
"Eles já estavam lá antes mesmo da abertura das portas", ou seja, os integrantes da classe média estavam lá, empurrando, esbarrando, cotejando algo de "novo"!
Não, meu amigo. Era a classe baixa que estava à porta. Pelo visto, meu texto não deixou isso claro.
Em Belém, a classe baixa só não se mete a comprar na Braz de Aguiar. Pensando bem... nem a classe rica tem comprado na Braz, ultimamente.
Hoje a Braz é "out"!
Senhor dos Anéis
Mas as lojas estão lá e se renovam, SdA, o que implica em dizer que alguém continua comprando. Sem dúvida, contudo, é um drama estacionar e até mesmo andar nas calçadas, sempre quebradas. É um saco aturar flanelinhas e aquele povo da Zona Azul.
Portanto, a Braz é mesmo para quem tem objetivos específicos e um local certo onde procurar.
Cara... queria muito estar em Belém na abertudo do shopping novo. Queria ter escrito sobre isso, mas acabei vindo parar em Redenção, trabalho e visita ao filho! Mas bem... quem sabe não foi melhor!
Shopping é praia de paulista e barzinho é praia de mineiro, que não tem nem litoral...
O slogam aqui é: Não temos mar? Vamos ao bar.
Ana Miranda
Yúdice, fui lá e fiquei impressionado. Veja algumas fotos que tirei de celular, no meu blog.
É padrão!
Vou voltar lá... como vi muitos empregados novos, jovens mesmo, ACHO QUE É PRIMEIRO EMPREGO, e se for, meus parabéns ao empreendedor que teve esta visão!
Vou perguntar isto por lá, e publicarei.
Forte abraço!
Querias por quê, Fernando? Saudade do ambiente urbano? Eu não fico empolgado para ver shopping center. Definitivamente, só vou quando preciso (e só preciso tanto quanto tenho precisado porque sou casado...).
Ambientes ao ar livre já são um grande alento, Ana. Detesto caixotes de concreto e vidro!
Estes aspectos, Lafa, podem compensar os muitos transtornos que o empreendimento inevitavelmente causará.
Estive lá, na inauguração do mais novo Hades do consumo. Estavam todos Lá! Divididos em três classes: os sorveteadores, os becados metidos a compradores e os torcedores de nariz, que só compram na New York (25 de março)Cit. Os sorveteadores enriquecem o MacDonalds e o Bobs; os becados metidos a compradores sondavam ofertas cabíveis nos lotados cartões de crédito e os torcedores de nariz, ah, esses se arrogam de não comprar nada em Belém. Tudo Blasé. Ponta de estoque. O bas fond do consumo! Eu fui lá ter aquela boa sensação térmica: calor do povo X frio dos potentes ar-condicionados. Achei a arquitetura ruim. Os espaços, muito apertados. As escadas, pouco estratégicas. O excesso de lojas em contraste com o diminuto espaço comum aumenta o rendimento da empresa, mas diminui drasticamente o conforto dos clientes. Aposto que os ricos de Belém comprem ali! Se duvidar, o gigante termina com studio de fotos para o orkut.
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