Há diferenças gritantes entre um país que se preza e um que não. O respeito às instituições públicas é uma delas.
Recordo-me do caso daquela débil mental ridícula chamada Paris Hilton (que finalmente saiu um pouco da mídia). Flagrada dirigindo embriagada, foi presa e condenada. A pena foi de alguns dias de prisão — não se pode dizer que baixa, porque condizente com as leis aplicáveis à infração cometida. O fato de ser bilionária pesou: ela teve regalias na prisão — a maior delas, ser posta em liberdade condicional, em circunstâncias indevidas, segundo especialistas ouvidos à época. Seus pais podiam ingressar na penitenciária para visitá-la por uma entrada privativa, sem se expor à curiosidade dos reles mortais. Estes fatos chegaram ao conhecimento da sociedade e a opinião pública protestou: a lei tinha que ser igual para todos!
Os pais bilionários perderam a entrada secreta e a condenada bilionária voltou à prisão, por violação da condicional, para cumpri-la até o último dia. Até a estátua que a debiloide possui no Museu de Cera Madame Tussauds (unidade Nova York) foi adequada a sua situação do momento e teve o figurino trocado para um traje listrado de presidiária.
Mas isso foi nos Estados Unidos, país em cujos muitos defeitos não se inscreve o menosprezo pela autoridade das instituições.
Enquanto isso, no Brasil, a prisão de um certo indivíduo, motivada por sentença condenatória transitada em julgado, é uma gritante demonstração de como dinheiro, advogados diligentes e alguns amigos no mercado (notadamente certos políticos) podem ridicularizar ao mais baixo nível as instituições públicas. Após anos foragido, foi preso em condições que denotavam a sua despreocupação em ser alcançado pela Justiça. Desde que iniciou o cumprimento da pena, a velha técnica do estou-doente-pobre-de-mim-sou-um-coitadinho foi aplicada à exaustão, o mais das vezes com sucesso. Neste momento, é considerado foragido da Justiça. Para seus defensores, o pobrezinho está hospitalizado. Para setores da imprensa, estava tratando há poucos dias, todo serelepe, dos interesses de seus amigos.
Certeza, mesmo, só temos uma: cadeia, neste país, sempre foi e continuará a ser para pretos, pobres e putas. Sem meio termo.
4 comentários:
Oiê!!! Continuo sem conseguir "falar" contigo do meu computador...
Minha esperança é que isso um dia mude.
Algué acreditou???? Infelizmente, não tenho essa esperança.
Ana Miranda
Em algum momento o problema será resolvido, Ana. Nem que seja com um computador novo, que é o que a indústria informática realmente deseja...
Yúdice, procurei pelo seu blog alguma forma de contato com vc e n encontrei, li hj seu post de 2007 sobre a decisão do juiz de pernambuco em proibir a amamentação no presídio, sim sim, 2 anos depois, mas é porque estou desenvolvendo um projeto na minha universidade em que falo justamente sobre essa situação, das crianças no ambiente carcerário por conta da necessidade da amamentação, o que apesar de necessária, acho absurda, pq o ambiente é péssimo para os infantes. Enfim, gostaria de saber se vc possui algum conhecimento de decisão de qualquer juiz no brasil que tenha concedido permissão de saída para a mãe amamentar, pois até agora foi a única solução que consegui vislumbrar para o problema, além claro, da construção de seção para gestantes, o que n é realizado, acredito eu q baseado não obrigatoriedade explícita que existe no artigo que rege sobre isto quando fala"que a penitenciária poderá ser dotada, e não deverá, ou será... Enfim, se puder me ajudar em algo agradeço, meu contato é andreagorayeb_@hotmail.com.
Cara Andrea, estou checando algumas informações e responderei pelo seu e-mail.
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