domingo, 24 de fevereiro de 2008

Atropelado pela polícia

Por volta de 13 de hoje, na Av. Governador José Malcher, em frente ao colégio Sophos, um dos atores da companhia teatral de meu irmão voltava para casa quando, ao atravessar a rua, foi violentamente atropelado. O que peculiariza o episódio é que ele olhou antes de atravessar, mas olhou apenas para o lado certo. Foi atropelado por um veículo que vinha em alta velocidade, pela contramão. Tratava-se de uma viatura da polícia militar, cuja guarnição estava em perseguição a um criminoso. Quando policiais entram em perseguição, põem para fora seus impulsos de cinema de ação e fazem de tudo, inclusive entrar na contramão. Eu mesmo já levei um susto danado numa situação assim, mas felizmente foi somente um susto. Lucas não teve a mesma sorte e acabou com escoriações sérias pelo corpo, cortes profundos no rosto e afundamento de ossos faciais.
Os policiais fizeram o certo: abandonaram a perseguição e se preocuparam em socorrer a vítima. Por telefone, a mãe do rapaz mandou que o levassem para o Hospital Porto Dias, mas como os documentos pessoais e do plano de saúde sumiram na confusão, responderam que só podiam conduzi-lo ao Pronto Socorro. Nada bom. Acionaram o serviço 192, mas este também só podia remover o atropelado para o PSM.
A apavorada mãe precisou jogar suas cartas: pôs no circuito uma irmã que trabalha na SUSIPE. Por fim, os policiais concordaram em levar Lucas para o mencionado hospital particular. De onde estavam até a Mauriti, levaram mais tempo do que a mãe do rapaz, que se deslocou até lá da Rodovia do 40 Horas. E vocês sabem que lesões na cabeça sangram abundantemente. Os danos na frente da viatura e a quantidade de sangue compunham um cenário de morte.
Lucas, felizmente, está vivo. Após algumas horas, acordou, mas está bastante desorientado. Reconheceu meu irmão, mas falou coisas desconexas em seguida. Esperamos que se recupere bem e tão prontamente quanto possível.
Quanto à conduta dos policiais, será objeto de uma sindicância, conforme disse um solícito capitão à mãe de Lucas, ao esclarecê-la sobre os procedimentos que deve tomar. Esperamos que isso vá adiante, também. Afinal, não podemos estar à mercê de viaturas policiais atropelando gente na rua, sem chance de defesa.
Já sabemos o que alegarão os policiais atropeladores. Argumentos de necessidade e urgência. Mas se isso suprimir qualquer dever de cuidado e segurança, é o fim do mundo. Afastadas quaisquer causas justificadoras da conduta dos agentes, a conduta tipifica crime de lesão corporal culposa.

3 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Em termos de relatos escabrosos do cotidiano de Belém, acho que prefiro dar um tempo.
Só me falta uma dessas agora.
Boa sorte ao rapaz, que pelo relato, pode ter feito um traumatismo craniano.

Abs

Yúdice Andrade disse...

Lamentável pensar, amigo, que estamos todos sujeitos a isso. Aguardo novidades sobre o Lucas, que informarei aqui no blog.

mrs.brightside disse...

nossa,
o lucas é meu amigo da federal, estudamos juntos...me disseram que ele tava em coma e tudo..poxa...gostaria de amis notícias sobre ele...fiquei muito preocupada.