quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Para acabar com a fome


Isso aí é comida. Pelo menos, é o que propõe a ONU, que sugere a adoção de insetos e larvas como alternativa para combater a fome nos países pobres, sob o argumento de que são ricos em gorduras, vitaminas e minerais. Equivalem-se, no valor nutritivo, à carne bovina ou de peixe. Em alguns desses países, o hábito até já existe. Menos mal, porque duvido que os miseráveis brasileiros aceitarão de bom grado incluir tais petiscos numa dieta salvadora.
Aliás, as mencionadas populações que já consomem as iguarias começaram exatamente como? Os bichinhos lhes apeteceram ou será que quem determinou a decisão foi a necessidade? Nesta segunda hipótese, a decisão — se é que se pode chamar assim — não representaria, ela mesma, uma prova de degradação humana?
Que mundo é este, em que é tão difícil assegurar comida para as pessoas!

4 comentários:

Polyana disse...

O mais curioso são os comentários de quem leu a mensagem no site da G1: "POR QUE SERIA RUIM QUEM PASSE FOME COMER"
Ou seja, eu não como, mas pode mandar para os miseráveis...
Pois eu aposto que tem gente na Europa, por exemplo, que paga uma grana pra importar esses petiscos e adora.

Yúdice Andrade disse...

Os comentários da reportagem, meu irmão, não são muito dignos. Eles merecem uma leitura à parte, desde que com muito senso crítico.
No mais, tens razão na crítica. Soluções que não me servem, porque sou bacana, servem para os ferrados? Quando é possível produzir e distribuir comida para os necessitados?
PS - Não duvido que muitos europeus comam essas porcarias, por esporte. Tem gente que come tutano, sarapatel, pizza com catchup e maionese...
(A gente perde a esposa, mas não perde a piada!)

Vladimir Koenig disse...

A questão do que é nojento ou não é absolutamente cultural. Vejam o caranguejo: feio, sujo de lama, vive em um lugar imundo, come detritos no mangue, mas é delicioso e muito apreciado no Pará! E o escargô. Melhor nem mencionar o caviar.
Mas o pano de fundo da questão é preocupante mesmo. Será que é tão caro assim produzir rúcula nos países pobres? Tão difícil investir na cultura agrícola de pequenas propriedades rurais e familiares?
Tão impossível achar soluções para que os pobres não sejam obrigados a comer apenas aquilo que seria impensável na dieta do cidadão-médio dos países ricos?
Abraços, Vlad.

Yúdice Andrade disse...

É, meu amigo, consumimos aqui cada coisa esquisita. As questões culturais influenciam demais. O essencial, contudo, é encontrarmos meios de produzir comida para todos. Estou convencido de que temos amplas condições para isso. Dubai não constrói enormes obras de engenharia em pleno mar? Os japoneses, ingleses e franceses não fazem túneis submarinos?
Há tecnologia para aproveitar áreas com vistas à produção de alimentos e aposto que nem seria tão caro assim. Mas seria um investimento humanitário, sem retorno financeiro. Quem o fará?