Sei lá...
Tem dias que a gente olha pra si
E se pergunta se é mesmo isso aí
Que a gente achou que ia ser
Quando a gente crescer
E nossa história de repente ficou
Alguma coisa que alguém inventou
A gente não se reconhece ali
No oposto de um déjà vu
Sei lá...
Tem tanta coisa que a gente não diz
E se pergunta se anda feliz
Com o rumo que a vida tomou
No trabalho e no amor
Se a gente é dono do próprio nariz
Ou o espelho é que se transformou
A gente não se reconhece ali
No contrário de um vis a vis
Por isso eu quero mais
Não dá pra ser depois
Do que ficou pra trás
Na hora que já é!
Um dia parei para prestar atenção e gostei muito. Observei a reflexão, que provavelmente todos nós fizemos ou faremos um dia: a vida que levo, hoje, é a que eu imaginei na minha infância, na minha adolescência, na minha formatura, etc.? Duvido que alguém passe pela vida sem se perguntar isso ao menos uma vez. Eu me pergunto com frequência.
A sensibilidade do poeta foi grande, para abranger os aspectos essenciais de nossa existência ("quando a gente crescer", "no trabalho e no amor"), merecendo destaque a lindíssima alegoria sobre quem mudou: se nós ou se nossa representação ("se a gente é dono do próprio nariz ou o espelho é que se transformou"). Essa é uma das composições que lamento não ter talento para produzir.
Felizmente, pela primeira vez, posso fazer essa reflexão e concluir, com alívio e alegria, que nunca estive tão próximo dos meus antigos sonhos. Já é!
2 comentários:
Querido Yudice, aqui uma reflexão derivada do que escreveste:
Com um mundo tão limitador dos nossos sonhos, ao final de cada fase como as que citaste (infância, adolescência, formatura..) somos quase que direcionados a pensar que quanto mais ambiciosas nossas projeções, menos chances terão de se concretizarem. Quanto mais cedo se acorda pra realidade das coisas, mais patético sonhar. Particularmente não me condicionei a pensar assim (graças aos meus pais, creio), mas vejo que sou minoria. Grande parte das pessoas que eu conheço quer "casar e ter estabilidade financeira". Nada contra. Apenas deixo meus sonhos irem bem mais além.
Alvíssaras! Foram necessários meses até que eu merecesse um comentário, aqui no blog, de minha querida Tonia! Isso é para comemorar!
Belas palavras de uma jovem sábia. Devo dizer, porém, que casar e ter estabilidade financeira eram meus sonhos (ou projetos) de infância. Isso envolvia, também, ter uma casa amarela e um belo cachorro dentro. Agora, já me casei, meu filho vem aí, tenho dois lindos cachorros e a casa (sim, amarela) será nossa muito em breve. Mas os sonhos, como os teus, vão além. E precisam ser conservados. Porque se eu não os realizar, se eu jamais tiver a menor condição de realizá-los, preciso passar ao meu filho a ânsia de sonhar e de ir além. Como dizes que teus pais fizeram - o que me motiva, pois és uma referência de educação familiar bem sucedida.
Na pior das hipóteses, os sonhos terão feito a vida mais esperançosa e, por isso mesmo, mais leve.
Beijo grande e volta sempre.
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