segunda-feira, 15 de março de 2010

Pedofilia na Internet — Fantástico de 15.3.2010

Em uma reportagem de mais de 11 minutos de duração a que você pode assistir na página do programa , o Fantástico de ontem prestou um serviço de utilidade pública à sociedade brasileira, ao exibir exemplos concretos das abordagens que pedófilos fazem, pela Internet. A matéria contou com produtores disfarçados, o que nos permitiu ver os diálogos travados na tela do computador e a conversa furadíssima quando acontecem os encontros.
Repugnante.
Mas o pior mesmo é pensar que, para muitos pais, essa não é uma preocupação constante, simplesmente porque não pararam para pensar na gravidade do assunto, ou porque o minimizaram, ou porque aplicaram a famosa teoria do isso-não-acontece-comigo.
Em que pese tudo quanto se diz em contrário, adolescentes são indivíduos em formação intelectual, moral, social e, por isso, em princípio são naturalmente vulneráveis à ação de pessoas maliciosas e crueis. Somem-se a isso características comuns a essa quadra da vida necessidade de autoafirmação, questionamento da autoridade dos pais, ânsia de experimentar emoções inéditas, desejo de chamar a atenção por meio de condutas transgressoras, etc. , está formado o caldeirão que pode redundar em muito sofrimento.
Não adianta apelar para a manjada e equivocada tese de que os jovens de hoje estão mais informados e espertos. Isso não é verdade. Já falei sobre isto aqui no blog. Hoje em dia despeja-se sobre nós um volume tão grande de informações que não há tempo nem substrato para processá-las e entender o que realmente significam. Insisto: informação não é conhecimento. E conhecimento não é sabedoria. Se o excesso de informações ajudasse mesmo, as estatísticas sobre pedofilia não seriam crescentes.
Por isso, é essencial que, em vez de fatos soltos, denuncismo e estardalhaço, a grande imprensa se ocupe de matérias didáticas, realistas e serenas, além de orientadas por especialistas, assim como me parece que esta foi.
Para quem é pai, como eu, meu Deus!... É de perder o sono...

2 comentários:

Ana Miranda disse...

Yúdice, por acaso você já asssitiu "Menina Má.Com"?
Excelente filme.
Há uma fala da personagem principal, que tem 14 anos, em que ela diz mais ou menos assim: "Não é porque uma garota age como uma mulher adulta que ela pode ser tratada como uma."
E é por aí mesmo, meninas com 13, 14 anos, andam vestidas e comportam-se como adultas, mas não têm maturidade. (e olha que eu casei-me aos 15 anos)
Acho uma crueldade máxima quem se utiliza da inocência de uma criança.
Até que ponto isso é doença??? Até que ponto isso é falta de pudor???

Yúdice Andrade disse...

Conheço o filme, Ana, mas não o vi. A frase mencionada é muito lúcida, ainda mais tendo sido proferida por uma adolescente. Os adolescentes, de regra, querem justamente convencer a todos de que já são adultos o suficiente para fazer tudo. Ou pelo menos tudo que não envolva responsabilidades.
Quanto à pergunta, "doença" não significa incapacidade de entender o que se faz. É uma doença do caráter, totalmente passível de punição.